Mais de 11 anos atrás, antes de Donald Trump emergir do lodo primordial do pântano febril da extrema-direita, antes da insurreição abortada de 6 de janeiro e antes de o último espasmo do extremismo republicano derrubar o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, dois renomados cientistas políticos, Thomas Mann e Norman Ornstein, identificaram a essência da política cada vez mais disfuncional dos EUA: o Partido Republicano. Para eles, o Grande e Velho Partido (GOP, na sigla em inglês) havia se tornado um “insurgente atípico”, que era “ideologicamente radical, desdenhando os compromissos e indiferente à legitimidade de sua oposição política”.
O enfant terrible piorou de forma inimaginável. O Partido Republicano hoje é menos uma agremiação e mais uma massa incipiente de lamentações culturais, teorias da conspiração e slogans políticos de mínimo denominador comum. Apesar de toda a sua toxicidade, Trump é um sintoma da descida à loucura do Partido Republicano durante décadas. Legislar não é visto como uma ferramenta para melhorar a situação da população, e sim como uma oportunidade para zombar dos democratas e agir de acordo com as afrontas da base do partido. Mas a indiferença republicana em relação a governar é, talvez, a menor das patologias do GOP. Ao apoiarem servilmente Trump e seus seguidores do Maga, o Make America Great Again, eles fortaleceram um movimento político que cada vez mais testa os limites da experiência democrática estadunidense.
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