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Reino Unido: empresários querem evitar saída da UE

John Cridland, líder do maior grupo industrial britânico, defende a continuidade na União Europeia após a derrota de Cameron sobre Juncker

David Cameron durante entrevista coletiva no Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica, em 27 de junho. Ele afirmou que a escolha de Juncker é ruim para a Europa
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Por Toby Helm

O líder do maior grupo empresarial da Grã-Bretanha disse que o sucesso econômico do país depende de sua permanência como membro pleno da União Europeia, depois que os conservadores revelaram que mais de 150 deputados do partido defenderiam a saída da união em um referendo.

A advertência, feita pelo diretor-geral da Confederação da Indústria Britânica (CBI), John Cridland, veio depois que David Cameron admitiu na sexta-feira (27) que hoje enfrenta uma dura luta para convencer a população britânica a continuar na União Europeia, diante de um referendo sobre o tema que ele prometeu realizar até o final de 2017.

Cridland disse ao Observer que a participação plena na UE reforça os empregos, o crescimento e o investimento na Grã-Bretanha. “A UE é nosso maior mercado de exportação e continua sendo fundamental para nosso futuro econômico”, disse. “Nossa participação sustenta empregos, impele o crescimento e reforça nossa competitividade internacional.”

Ele rejeitou a ideia de que a economia do Reino Unido seria igualmente bem-sucedida fora da UE, com alguma espécie de afiliação associada, que alguns conservadores defendem. “As alternativas à participação plena na UE simplesmente não funcionariam, deixando-nos presos às suas regras sem podermos influenciá-las. Continuaremos defendendo a tese de que o Reino Unido permaneça em uma União Europeia reformada.”

Depois de uma cúpula de dois dias na semana passada, Cameron ficou isolado e derrotado quando sua tentativa de impedir que Jean-Claude Juncker, o ex-primeiro-ministro federalista de Luxemburgo, se tornasse o novo presidente da Comissão Europeia, acabou em fracasso.

Cameron disse que a nomeação de Juncker e a recusa da Europa a mudar haviam dificultado muito sua tarefa de renegociar os termos da participação do Reino Unido antes do referendo.

O líder trabalhista Ed Milliband também salientou o perigo econômico de uma saída da UE, dizendo que Cameron está pondo em risco o futuro sucesso. “David Cameron e o partido conservador hoje representam uma clara e presente ameaça à nossa economia”, disse ele. “A opção é entre trabalhismo, que ganharia a discussão e construiria alianças para a reforma, ou David Cameron que, segundo ele mesmo, admite estar levando o país na direção da saída da UE, ameaçando 3 milhões de empregos em todo o Reino Unido.”

Compreende-se que deputados conservadores receberam garantias pessoais de Cameron de que eles poderão fazer campanha para tirar o Reino Unido da UE – mesmo que o primeiro-ministro tenha conseguido o que ele considera novos termos de participação satisfatórios até 2017, e ele mesmo apoie a continuação como membro.

Muitos deputados conservadores hoje acreditam que os ministros, incluindo os do gabinete, também devem ter o direito de fazer campanha como quiserem no planejado referendo. Charles Walker, um vice-presidente da Comissão Conservadora de 1922, disse que mais da metade dos 305 deputados conservadores apoiariam a saída da UE e fariam campanha nesse sentido em um referendo.

Ele disse que é certo dar aos deputados liberdade para defender suas posições. “Eu esperaria que esse fosse o caso para todos os deputados, incluindo os ministros”, disse. “Não quero ver nenhum deputado obrigado a apoiar uma posição em público que não apoie em particular.”

Outro conservador veterano disse que Cameron teria de permitir que seus ministros fizessem campanha à vontade, “ou ele perderá a metade de seu gabinete”. Downing Street disse confiar que Cameron terá êxito em suas renegociações e se recusou a comentar mais.

O ex-comissário europeu e ministro de gabinete trabalhista Peter Mandelson disse: “Como sempre na Europa, não é que Cameron esteja necessariamente errado sobre os temas, mas ele não tem uma estratégia funcional para atingir seus fins”, disse. “Quando ele deu meia-volta sobre um referendo no Reino Unido pensou que pudesse encerrar a discórdia em seu partido e forçar outros países membros a ceder ao ponto de vista britânico. Em vez disso, a divisão interna no partido Tory é maior que nunca, e outros na Europa estão se recusando a ter uma pistola encostada em suas cabeças.”

Ele acrescentou: “A abordagem da Grã-Bretanha precisa ser totalmente repensada. Cameron é incapaz de fazer isso porque é prisioneiro de seu partido, mas enquanto isso for verdade o interesse nacional da Grã-Bretanha na Europa continuará prejudicado. É uma vergonha que em um momento em que tantos na UE compartilham uma forte agenda de reformas o atual governo britânico esteja se dando um tiro no pé e se desqualificando para liderar essa agenda.”

Leia mais em Guardian.co.uk

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