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Rússia lança nova onda de ataques contra a Ucrânia, que enfrenta nevasca

Esses ataques deixaram cerca de 10 milhões de ucranianos sem eletricidade por várias horas, de acordo com as autoridades de Kiev

Em Kiev, a população toca a vida e tenta esquecer a ameaça que ronda as fronteiras – Imagem: Ali Atmaca/Anadolu/AFP
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A Rússia lançou uma nova onda de ataques a várias cidades ucranianas nesta quinta-feira 17, incluindo a capital Kiev, coincidindo com a primeira nevasca no país, que sofre grandes interrupções de energia causadas pela ofensiva russa.

A Ucrânia já foi atingida na terça-feira por uma série de ataques que se seguiram à retirada humilhante das forças russas em 11 de novembro da parte norte da região de Kherson (sul), que a Rússia diz ter anexado.

Esses ataques deixaram cerca de 10 milhões de ucranianos sem eletricidade por várias horas, de acordo com as autoridades de Kiev.

O governador regional, Oleksii Kuleba, alertou na quarta-feira que a próxima semana será “difícil”, com temperaturas que podem cair “até -10°C”.

Os ataques russos nesta quinta-feira deixaram pelo menos 14 feridos na cidade de Dnipro, no centro-leste, incluindo uma adolescente de 15 anos, informou o governador regional, Valentin Reznichenko, no Telegram. “Todos estão hospitalizados na cidade”, acrescentou.

Este ataque também afetou duas infraestruturas, segundo a Presidência ucraniana.

Na região de Kiev, a defesa ucraniana derrubou dois mísseis de cruzeiro, bem como drones russos kamikaze Shahed de fabricação iraniana, informou a administração militar da cidade.

Um jornalista da AFP viu um dos mísseis sobrevoar uma área residencial no leste da capital.

Na região de Odessa (sul), os russos atacaram uma infraestrutura e três pessoas ficaram feridas, segundo a administração regional.

Nevasca

Esses ataques coincidem com a primeira nevasca na Ucrânia, que enfrenta também cortes generalizados de energia como resultado de ataques russos direcionados especificamente às infraestruturas energéticas, de acordo com Kiev.

A operadora nacional de eletricidade, Ukrenergo, anunciou a extensão dos cortes de energia até quinta-feira devido ao “agravamento da situação”.

A empresa disse no Facebook que “uma onda de frio” causou aumento da demanda em regiões onde a energia havia sido restaurada recentemente.

Nesta quinta-feira, quando Kiev experimentava sua primeira nevasca, muitos distritos ficaram sem eletricidade. Uma fina camada de neve cobria os carros estacionados nas ruas.

A Rússia afirmou que o sofrimento dos civis na Ucrânia é “a consequência” da recusa de Kiev em negociar.

“É uma consequência da falta de vontade do lado ucraniano em resolver o problema, em iniciar negociações, sua recusa em buscar um terreno comum”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Acordo de grãos renovado

Na frente diplomática, o acordo que permite a exportação de grãos dos portos ucranianos foi prorrogado nesta quinta pelos quatro meses de inverno, diminuindo as preocupações sobre uma potencial crise alimentar global.

As partes envolvidas no acordo – Rússia, Turquia, Ucrânia e as Nações Unidas – confirmaram a extensão.

O lado russo autoriza a extensão técnica da iniciativa “sem nenhuma alteração em seus termos e alcance”, afirmou a diplomacia russa em nota.

A Rússia se retirou brevemente do acordo no final de outubro, depois de denunciar o uso do corredor humanitário “para fins militares” pela Ucrânia.

A chamada Iniciativa dos Grãos do Mar Negro, que expiraria na noite de sexta-feira, permitiu que mais de 11 milhões de toneladas de grãos fossem retiradas dos portos ucranianos em quatro meses, após o bloqueio inicial dos portos ucranianos pelo Exército russo.

“Recebo com satisfação o acordo de todas as partes para continuar com a iniciativa”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Não sei o que aconteceu”

Dois dias após a queda de um míssil na Polônia, perto da fronteira ucraniana, a polêmica continua.

Segundo a Polônia e a Otan, aquela explosão, que levantou temores de uma escalada no conflito, foi possivelmente causada por um míssil de defesa aérea ucraniano lançado para interceptar projéteis russos disparados contra infraestruturas civis.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou hoje “não saber o que aconteceu”, depois de ter reiterado na véspera que o projétil era “russo”.

“Não sabemos ao certo. O mundo não sabe. Mas tenho certeza de que foi um míssil russo, tenho certeza de que disparamos de sistemas de defesa aérea”, disse ele a um fórum econômico, citado em comunicado da Presidência ucraniana.

Pouco antes, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, havia declarado no Twitter que a Rússia era “totalmente responsável”.

“Independentemente da conclusão desta investigação, já sabemos quem é o responsável final: a Rússia”, concordou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, antes do início da cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Bangcoc.

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