Mundo

Rússia e Ucrânia chegam a acordo por ‘corredor humanitário’, mas não pelo fim do conflito

Segundo agência russa, as duas delegações acertaram a realização de uma terceira rodada de diálogo

Rússia e Ucrânia chegam a acordo por ‘corredor humanitário’, mas não pelo fim do conflito
Rússia e Ucrânia chegam a acordo por ‘corredor humanitário’, mas não pelo fim do conflito
Foto: Daniel Leal/AFP
Apoie Siga-nos no

As delegações russa e ucraniana concordaram com a criação de corredores humanitários para evacuar civis, o que pressupõe um cessar-fogo temporário durante a retirada, confirmaram representantes dos dois lados. O avanço ocorreu na segunda rodada de negociações, nesta quinta-feira 3, em Gomel, Belarus. Não houve, porém, acordo sobre o fim dos conflitos.

“A segunda rodada de negociações acabou. Infelizmente, a Ucrânia ainda não tem os resultados de que precisa. Há apenas decisões sobre a organização de corredores humanitários”, disse o assessor da Presidência da Ucrânia Mikhailo Podolyak nas redes sociais.

Citado pela agência russa Tass, Vladimir Medinsky, chefe da delegação de Vladimir Putin, classificou os acordos alcançados como um progresso significativo, em especial sobre os corredores humanitários.

“A principal questão resolvida hoje é a de salvar pessoas, civis, que se encontravam na zona de confrontos. Portanto, as partes concordaram sobre o formato para manter os corredores humanitários”, disse Medinsky, conforme a Tass.

Segundo o russo, os dois lados discutiram em Belarus três aspectos: os militares, os humanitários e os relacionados a uma futura solução política do conflito. “As posições são absolutamente claras, estão escritas ponto a ponto. Conseguimos encontrar entendimento mútuo para algumas delas.”

De acordo com a agência russa Sputnik News, Ucrânia e Rússia decidiram promover uma terceira rodada de negociações “no futuro próximo”.

Em discurso, Putin não recua

Vladimir Putin afirmou nesta quinta 3 que a operação militar deflagrada contra a Ucrânia avança conforme o planejado e que as missões são executadas “com sucesso”. Disse também que suas tropas lutam contra “neonazistas” para apoiar russos e ucranianos, que formam “um só povo”.

Em declaração ao Conselho de Segurança russo, Putin acusou “nacionalistas” e “mercenários estrangeiros” na Ucrânia de utilizar civis como escudos humanos no conflito.

“Nossos soldados lutam com firmeza e plena compreensão da justiça de sua causa. Mesmo depois de feridos, permanecem em formação e se sacrificam […] para salvar camaradas e civis”, afirmou o líder da Rússia.

Putin ainda disse que as forças ucranianas descumpriram uma promessa de remover equipamentos militares pesados de áreas residenciais. Em vez de cumprir os acordos, alegou, “tanques, artilharia e morteiros estão sendo implantados adicionalmente”.

Pouco antes do pronunciamento de Putin, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, acusou o Ocidente de intensificar o envio à Ucrânia de soldados contratados de empresas militares privadas.

Também nesta quinta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que deseja negociar diretamente com Putin, sob o argumento de que essa é “a única maneira de parar a guerra”.

Em entrevista coletiva, Zelensky se disse “aberto” e “disposto a abordar todos os problemas” com o mandatário russo.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo