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Rússia diz que vai posicionar armas nucleares táticas em Belarus

“Aqui não há nada inédito: os Estados Unidos fazem isso há décadas”, declarou Putin em entrevista

A Rússia de Putin não reconhece o TPI – Imagem: Alexey Nicolsky/Sputnik/AFP
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, neste sábado 25, que Moscou prevê instalar armas nucleares “táticas” no território de Belarus, um país aliado que faz fronteira com a Ucrânia e países da União Europeia UE.

O líder russo já havia feito, anteriormente, ameaças veladas de usar armamento nuclear na Ucrânia, reativando temores da Guerra Fria.

Putin também ameaçou ordenar o uso de obuses de urânio empobrecido na Ucrânia se este país receber esse tipo de arma do Ocidente, depois que uma vice-ministra do Reino Unido mencionou essa possibilidade.

“Aqui não há nada inédito: os Estados Unidos fazem isso há décadas. Eles têm suas armas nucleares táticas posicionadas há muito tempo em território de seus aliados”, declarou Putin em uma entrevista exibida pela televisão russa.

“Nós decidimos fazer o mesmo”, acrescentou, garantindo que contava com o aval do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

Belarus faz fronteira com Letônia, Lituânia e Polônia, três países da UE e da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Ao se referir à questão dos obuses de urânio empobrecido, Putin destacou que a Rússia dispõe de um arsenal considerável desse tipo de arma.

“A Rússia, é claro, tem com o que responder. Temos, sem exagero, dezenas de milhares desses obuses. No momento, não os usamos”, declarou.

A vice-ministra da Defesa do Reino Unido, Annabel Goldi, disse na segunda-feira que seu país planejava entregar à Ucrânia obuses “com urânio empobrecido”, que são “muito eficazes para destruir tanques e veículos blindados modernos”.

Um dia depois, a organização antinuclear britânica Campaign for Nuclear Disarmament advertiu que seu uso provocaria um “desastre ambiental e sanitário adicional para os que estão no centro do conflito” na Ucrânia.

O uso de munições de urânio empobrecido implica riscos de caráter tóxico para os militares e a população das áreas onde é usado.

Esse armamento foi utilizado nas duas guerras do Golfo (1991 e 2003), assim como na ex-Iugoslávia nos anos 1990.

O Pentágono também reconheceu ter usado obuses de urânio empobrecido em duas ocasiões em 2015, em operações contra o grupo Estado Islâmico na Síria.

Menos acordos nucleares

No mês passado, a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, advertiu que o risco de uso de armas nucleares se acentuava com o prolongamento do conflito na Ucrânia, que que já completa 13 meses.

Putin suspendeu, em fevereiro, a participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear Novo START, que havia firmado com os Estados Unidos, e acusou os países ocidentais de “atiçarem” o conflito na Ucrânia.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, lamentou essa decisão, ao lembrar que se tratava do último acordo bilateral entre Rússia e Estados Unidos em matéria de desarmamento nuclear.

“Mais armas nucleares e menos controle de armas tornam o mundo mais perigoso”, afirmou.

A Rússia já havia suspendido, em agosto do ano passado, as inspeções de suas instalações nucleares pelos Estados Unidos, que estavam previstas no Novo START.

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