Mundo

Rússia bombardeia leste da Ucrânia, centro dos debates em Davos

Depois de fracassar em sua tentativa de assumir o controle da capital ucraniana, Kiev, as tropas russas agora concentram seus esforços no leste do país

Rússia bombardeia leste da Ucrânia, centro dos debates em Davos
Rússia bombardeia leste da Ucrânia, centro dos debates em Davos
Fotografia mostra um armazém destruído após o bombardeio em uma fazenda do sul da Ucrânia, em Odessa, no dia 22 de maio de 2022. Foto de Genya SAVILOV/AFP
Apoie Siga-nos no

A Rússia continua neste domingo 22 com seus bombardeios no leste da Ucrânia, cujo presidente, Volodymyr Zelensky, em um movimento de contra-ofensiva diplomática, prepara-se para se dirigir nesta segunda-feira às elites políticas e econômicas mundiais reunidas em Davos.

Depois de fracassar em sua tentativa de assumir o controle da capital ucraniana, Kiev, as tropas russas agora concentram seus esforços no leste do país. Lá, os combates não dão trégua.

Neste contexto, o Parlamento ucraniano aprovou a prorrogação da lei marcial e a de mobilização geral até 23 de agosto.

Segundo a Presidência ucraniana, os bombardeios russos atingiram as cidades de Mykolaiv, Kharkiv e Zaporizhia na noite de sábado. Na véspera, sete civis morreram, e dez ficaram feridos em Donetsk e, na região de Luhansk, uma pessoa faleceu, e duas ficaram feridas – todas em bombardeios, relatam os respectivos governadores.

Ataques de maior intensidade

“Os russos estão voltando todos os seus esforços para conquistar Severodonetsk”, afirmou o governador de Luhansk, Sergei Gaidaim, referindo-se a uma cidade que é estratégica para se conquistar toda região de Luhansk.

“A cidade está sendo destruída, como antes destruíram Rubizhn e Popasna”, denunciou Gaidai no sábado, acrescentando que os russos destruíram a ponte de Pavlograd, “o que complicará muito a retirada de civis e o fornecimento de ajuda humanitária”.

Em seu relatório diário, o Estado-Maior ucraniano informou neste domingo que o Exército russo seguia com seus ataques com mísseis e meios aéreos em todo território e até “aumentou a intensidade, usando a força aérea para destruir infraestruturas cruciais”.

Ontem, em entrevista a um canal de televisão ucraniano, o presidente Zelensky disse acreditar que “o fim [do conflito] será diplomático”. Segundo ele, a guerra “será sangrenta, haverá combates, mas definitivamente terminará pelos canais diplomáticos”.

Até o momento, foram realizadas várias reuniões entre negociadores de ambos os lados, mas sem resultados concretos.

Até que Ucrânia seja membro da UE

O presidente polonês, Andrzej Duda, que visitou Kiev neste domingo, assegurou que, a partir de agora, será impossível lidar com a Rússia “como sempre se fez”.

“Depois de Bucha, Borodianka, Mariupol, não pode haver mais ‘business as usual’ (‘negócios como de costume’, em tradução literal do inglês) com a Rússia”, declarou, em discurso no Parlamento ucraniano, em Kiev, sendo o primeiro chefe de Estado estrangeiro a fazê-lo desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Em Bucha e Borodianka, ocupadas e posteriormente abandonadas pelo Exército russo, centenas de civis foram encontrados mortos após a passagem das forças de Moscou. E, no sudeste da Ucrânia, a cidade portuária de Mariupol foi deixada em ruínas após meses de cerco e de bombardeios incessantes que mataram pelo menos 20.000 civis, segundo as autoridades ucranianas.

O presidente polonês também disse que não descansará “até que a Ucrânia seja membro da União Europeia”.

Em uma entrevista hoje à rádio local J, o ministro-delegado francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, insistiu, porém, em que a adesão de Kiev à UE levará, provavelmente, 15, ou 20, anos”.

“Enquanto isso, devemos aos ucranianos (…) um projeto político, no qual eles possam entrar”, continuou, referindo-se à proposta do presidente francês, Emmanuel Macron, de que a Ucrânia entre em uma “comunidade política europeia”, um “complemento” ao processo de adesão.

Uma mensagem para Davos

Zelensky, que rejeita o plano de Macron, prepara-se para discursar, por videoconferência, no Fórum Econômico de Davos, que acontece na Suíça a partir de segunda-feira 23, após uma pausa de dois anos pela pandemia da covid-19.

A expectativa é que ele usará esta nova tribuna para pedir aos líderes mundiais que forneçam mais ajuda a Kiev, tanto financeira quanto militar.

Zelensky será o primeiro chefe de Estado a discursar amanhã. Muitos políticos ucranianos estarão presentes em Davos, de onde os russos foram excluídos.

Para o fundador do Fórum de Davos, Klaus Schwab, a edição de 2022 chega no momento mais oportuno e é o mais importante desde sua criação, há mais de 50 anos.

“A agressão da Rússia (…) será vista nos livros de história como o colapso da ordem nascida após a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria”, afirmou ele, em um “briefing” realizado esta semana.

A Ucrânia continuará sua ofensiva diplomática na assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS), inaugurada neste domingo e onde apresenta, na próxima terça-feira, um projeto de resolução a seus 194 Estados-membros.

No texto, deve denunciar os ataques cometidos por Moscou contra seu sistema de saúde, condenar as consequências gravíssimas da invasão e do bloqueio dos portos ucranianos no abastecimento mundial de grãos, assim como no aumento dos preços.

Neste fim de semana, a Rússia publicou uma lista de 963 personalidades americanas proibidas de entrarem no país, em represália por sanções similares adotadas por Washington. A relação de nomes inclui Biden, seus secretários de Estado (Antony Blinken) e da Defesa (Lloyd Austin) e até o presidente da Meta. Mark Zuckerberg

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo