Mundo
Ruas de sangue
Em Juliaca, maior cidade do departamento de Puno, o impasse político do país ganha contornos brutais
Pilhas de lixo a queimar e paredes furadas de balas. Tropas entrincheiradas no aeroporto com fuzis AK-47 e escudos antimotim, à espera de uma trégua que não tem data para acontecer. O prefeito preside um tribunal atrás das janelas quebradas da prefeitura vandalizada. “Sinto que minha cidade está se destruindo. Está manchada de sangue. Está ferida”, lamentou Oscar Cáceres, enquanto manifestantes furiosos se reuniam em frente à sede municipal para exigir mudança política e justiça para os 17 mortos durante o dia de violência mais mortal nos dois meses de revolta contra o governo do Peru.
A agitação política no quarto maior país da América do Sul deu à cidade andina de Juliaca, a maior do departamento de Puno, no sul do país, o clima e a aparência de uma zona de guerra. Perto do aeroporto internacional pulverizado, palco de confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança em 9 de janeiro, nos quais 17 morreram, um grafiteiro deixou um recado para as autoridades quase invisíveis da cidade: “O povo manda”.
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