Mundo

Ruas de Paris acumulam toneladas de lixo devido a greve de garis contra reforma da Previdência

A reforma vai aumentar a idade mínima legal para a aposentadoria, passando de 62 para 64 anos

Foto: Thomas Samson/AFP
Apoie Siga-nos no

Pelas calçadas de Paris, lixeiras transbordam e pilhas de sacos de lixo impedem a passagem dos pedestres. Os garis estão em greve contra a reforma da Previdência desde segunda-feira 6, e deixaram assim de coletar 4,5 toneladas de lixo na capital francesa.

“É horrível e fede.” Dezenas de sacos de lixo cheios se acumulam nas calçadas do Grands Boulevards, avenida que reúne importantes lojas de departamentos como a luxuosa Galerie Laffayete.

“Paris é uma lixeira”, ironiza internauta, em paródia a livro “Paris é uma Festa”.

“Não é possível [suportar] isso quando você sai para comer em um restaurante”, reclama Michaël, maitre do restaurante Bouillon Chartier, que costuma servir 1.700 refeições por dia. O restaurante já acumula uma fileira de dez metros de sacos de lixo não recolhidos em sua calçada.

Diretora de uma butique de roupas, Johana Marciano reclama da “imagem catastrófica de Paris” diante dos clientes estrangeiros, que precisam desviar de pilhas de lixo para chegar a seu comércio.

O acúmulo de lixo mudou os hábitos até nos tradicionais cafés de Paris.

“As pessoas não querem mais ficar no terraço. Ainda mais que choveu, e as caixas de papelão derreteram e viraram uma pasta de papel no chão”, conta Estelle Guillerm, a gerente de um café. Guillerm diz compreender a situação precária dos catadores de lixo, mas lamenta o “enorme impacto na vida das pessoas”.

Reforma da Previdência

Os catadores de lixo, assim como trabalhadores do transporte público, estão em greve desde o início da semana contra a reforma da Previdência, em votação no Senado.

A reforma vai aumentar a idade mínima legal para a aposentadoria, passando de 62 para 64 anos, e muda as regras para que o pensionista possa ter sua aposentadoria integral.

“Eu tenho 56 anos. Como eu trabalhei um pouco em empresas privadas, eu precisaria trabalhar até os 67 anos para poder ter uma aposentadoria completa”, exemplifica o gari Jean-Christophe Oudart, que trabalha no 14° distrito da capital, em entrevista à Franceinfo.

Uma pesquisa de opinião feita em fevereiro aponta que 69% dos franceses são contrários ao texto da reforma previdenciário em votação no Congresso francês.

Neste sábado 11, manifestações contra o projeto acontecem em todas as principais cidades francesas. Este é o sétimo dia de protestos nacionais.

Na última terça-feira 7, os sindicatos reuniram 1,3 milhão de pessoas nas ruas, segundo o Ministério do Interior, para mostrar a insatisfação popular contra o projeto de reforma.

De acordo com uma pesquisa Elabe para a BFMTV publicada hoje, 63% dos franceses aprovam a mobilização contra a reforma, ainda que 78% deles acreditam que a reforma será aprovada de toda maneira pelo Congresso.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo