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Na ONU, presidente iraniano condena crimes nazistas contra judeus

Para primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no entanto, discurso foi “cínico e totalmente hipócrita”

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O presidente iraniano, Hassan Rohani, condenou na terça-feira 24 “os crimes dos nazistas contra os judeus”, assumindo um distanciamento da posição de seu antecessor, Mahmud Ahmadinejad, que negou a existência do Holocausto. “Qualquer crime contra a humanidade, incluindo os crimes cometidos pelos nazistas contra os judeus, é repreensível e condenável”, declarou Rohani na 68ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. “Isso não quer dizer que porque os nazistas cometeram crimes contra um grupo, este grupo possa confiscar o território de outro grupo e ocupá-lo. Esse é também um ato que deve ser condenado. Matar um ser humano é deplorável. Não faz diferença se é cristão, judeu ou muçulmano. Para nós é a mesma coisa”, disse.

No início de setembro, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Zarif, já havia publicado no Facebook que o Irã condenava “o massacre dos judeus por parte dos nazistas” durante a Segunda Guerra Mundial. À época, o então presidente Ahmadinejad colocou em dúvida a magnitude do Holocausto e defendeu, em várias ocasiões, o fim do Estado de Israel.

Programa nuclear. Ainda na Assembleia Geral da ONU, Rohani garantiu que “as armas nucleares e outras armas de destruição em massa não têm lugar na doutrina de segurança e defesa do Irã” e contradizem as convicções religiosas e éticas de Teerã.

Ele afirmou ainda que o Irã não representa “absolutamente uma ameaça para o mundo”, fazendo um apelo para que o presidente americano, Barack Obama, ignore os grupos de pressão pró-guerra e privilegie a negociação. “Se (os Estados Unidos) evitarem seguir os interesses de curto prazo dos grupos de pressão pró-guerra, poderemos encontrar um meio de resolvermos nossas divergências”.

O presidente iraniano também condenou o terrorismo, assim como a “utilização de drones contra inocentes em nome do combate ao terror”. “Defenderemos a paz baseada na democracia e na cédula de votação em todo o mundo, incluindo na Síria, no Bahrein e em outros países da região”, acrescentou. “Não há soluções violentas para as crises no mundo”.

Antes do líder iraniano, o presidente americano, Barack Obama, sinalizou a disposição em tentar a “via diplomática” com o Irã para negociar o fim de seu programa nuclear.

Israel, por sua vez, condenou o discurso de Rohani. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o discurso foi “cínico e totalmente hipócrita”. “Ele (Rohani) condena o terrorismo enquanto o regime iraniano recorre ao terror em dezenas de países pelo mundo. Ele fala em um programa nuclear com objetivos civis enquanto o relatório da Agência Internacional de Energia Atômica revela que este programa tem característica militar”, criticou o premier. “Qualquer pessoa razoável entende que o Irã, um país muito rico em petróleo, não deveria investir em mísseis balísticos e em instalações nucleares subterrâneas para produzir eletricidade. O traduz exatamente a estratégia iraniana, que consiste em falar para ganhar tempo enquanto avança com seu programa para obter armas nucleares”.

*Com informações da AFP

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