Economia

Riscos à estabilidade financeira global aumentaram, alerta FMI

Kristalina Georgieva afirmou que o mundo passa por mudanças rápidas de juros baixos altos e que é necessária uma ‘vigilância’

Kristalina Georgieva (Foto: Brendan Smialowski/AFP)
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A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, afirmou, durante o Fórum de Desenvolvimento da China, em Pequim, que os riscos à estabilidade financeira global estão elevados e que é preciso manter uma “vigilância contínua”.

“Está claro que os riscos para a estabilidade financeira aumentaram”, afirmou Georgieva no domingo 26. “Em um momento de níveis de endividamento mais altos, a rápida transição de um período prolongado de taxas de juros baixas para taxas muito mais altas – necessárias para combater a inflação – inevitavelmente gera tensões e vulnerabilidades, como evidenciado pelos eventos recentes no setor bancário em algumas economias avançadas.”

Georgieva se referiu aos casos recentes que vêm gerando problemas de confiança em algumas instituições financeiras: as falências do Silicon Valley Bank  (a maior desde a crise financeira global de 2008) e do Signature Bank, o colapso do banco suíço Credit Suisse [comprado pelo UBS], o aumento nos custos dos seguros contra calote do Deutsche Bank, assim como os problemas de liquidez do First Republic Bank (o que fez com que os principais credores dos Estados Unidos anunciassem um depósito de 30 bilhões de dólares em reforço às finanças do banco).

Na visão da diretora-geral do FMI, as medidas recentes dos governos e das instituições políticas são acertadas, embora a calma nos mercados seja momentânea.

No caso da crise do Credit Suisse e da compra do banco pelo UBS, o governo suíço anunciou, na segunda-feira 20, o depósito de mais 280 bilhões de dólares para proteger o país das turbulências no mercado financeiro global. Já no caso do Silicon Valley Bank, o governo norte-americano descartou o resgate ao banco, embora já tenha dito que quer evitar um “contágio” em outras instituições financeiras.

No evento, a diretora do FMI repercutiu as declarações de agentes econômicos que alertaram para os riscos de uma fragmentação geoeconômica no mundo. Para Georgieva, a fragmentação pode “dividir o mundo em blocos econômicos rivais”, resultando em “uma divisão perigosa que deixaria todos mais pobres e menos seguros”.

Crescimento global desacelerado e papel estratégico da China

Buscando traçar um panorama sobre a economia global no médio prazo, a diretora do FMI apontou que 2023 deve ser um ano com crescimento global abaixo dos 3%. Ela apontou as consequências ainda presentes da pandemia da Covid-19, a situação da guerra entre Rússia e Ucrânia e os problemas com inflação global e aumento de juros como fatores para a desaceleração. 

“Mesmo com uma perspectiva melhor para 2024, o crescimento global permanecerá bem abaixo de sua média histórica de 3,8%. Juntos, esses fatores significam que as perspectivas para a economia global no médio prazo provavelmente permanecerão fracas”, observou Georgieva.

De acordo com a previsão mais recente do próprio FMI, publicada em janeiro – mas que deve ser atualizada em abril -, o crescimento global em 2023 deve ficar em 2,9%. Segundo a diretora-geral do FMI, a China terá um papel fundamental no crescimento econômico do planeta. 

“A China deverá ser responsável por cerca de um terço do crescimento global em 2023, dando um impulso bem-vindo à economia mundial”, afirmou Georgieva. Em 2022, o Produto Interno Bruto da China cresceu 3%, um índice alto, mas abaixo do histórico recente do país. Enquanto o próprio FMI espera que a China cresça 4,4% neste ano, Pequim tem como meta o avanço de cerca de 5%.

Em um recado diplomático aos chineses, a diretora do FMI asseverou que a “forte recuperação” na economia da China não é importante apenas para o país, mas para o mundo. Tratando do tema, ela convidou as autoridades chinesas a direcionarem a economia rumo ao consumo.

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