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Reprovação a Milei cresce e atinge o maior nível, mostra nova pesquisa Atlas
O levantamento foi realizado após o escândalo de corrupção envolvendo a irmã e braço direito do presidente


A desaprovação da população argentina ao presidente Javier Milei chegou ao nível mais alto desde o início do governo, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira 17 pelo instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. Quase 54% dos argentinos desaprovam o trabalho do ultraliberal, que é aprovado por pouco mais de 42%.
O levantamento, que ouviu 5.315 argentinos pela internet, foi realizado entre 10 e 14 de setembro — depois, portanto, de estourar um possível escândalo de corrupção que atingiu o ciclo mais próximo do presidente, incluindo sua irmã Karina Milei, acusada de ser beneficiária de um esquema de propinas na compra de medicamentos para pessoas com deficiência.
Os índices apurados mostram uma tendência de aumento da desaprovação. O AtlasIntel realiza sondagens mensais e, desde junho, a distância entre quem reprova e quem aprova Milei só cresce. Além disso, a última vez que o ultraliberal teve mais demonstrações de apoio foi em dezembro de 2024.
Quando questionados sobre os principais problemas da Argentina na atualidade, mais de metade dos participantes da pesquisa citaram a corrupção. Entre a pesquisa de agosto e esta, de setembro, houve um salto: no levantamento anterior, a corrupção era apontada como um dos problemas mais importante por 37% dos argentinos.
O questionário trouxe também uma pergunta sobre a avaliação do governo pelos argentinos. Para quase metade (49,5%) dos respondentes, a gestão é “ruim” ou “muito ruim”, enquanto apenas um terço (33,4%) diz que é “boa” ou “excelente”. Para 16,3%, o trabalho é regular, e 0,8% não responderam.
Também na avaliação do governo é possível perceber uma tendência ruim para Milei nos últimos meses. O percentual de pessoas que avaliam o trabalho como “ruim” ou “muito ruim” nunca foi tão alto. Enquanto isso, “bom” e “excelente” chegaram ao estágio mais baixo.
A pesquisa chega em um momento crucial para o cenário político do país. Em 26 de outubro, os argentinos voltarão às urnas para eleições legislativas que renovarão metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
O partido do presidente, La Libertad Avanza, sofreu uma dura derrota nas disputas provinciais de Buenos Aires, em 7 de setembro. O peronismo, principal força de oposição, liderou o pleito e conseguiu a maioria das cadeiras.
Buscando reverter o cenário, o presidente anunciou, na segunda-feira 15, aumentos nos gastos públicos com aposentadorias, saúde, educação e pessoas com deficiência. O novo orçamento, se aprovado pelo Congresso, valerá a partir de 2026.
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