Mundo

Repressor da ditadura argentina é condenado a 15 anos de prisão por sequestrar sobrinha

Sequestrada quando criança, Victoria Donda recuperou sua identidade em 2004, foi deputada nacional entre 2007 e 2022 e titular do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo, fechado pelo governo Milei

Os ex-oficiais da Marinha Argentina Manuel Garcia Tallada (esq.) e Adolfo Donda gesticulam durante seu julgamento por crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar na Argentina (1976-83). Foto: Juan MABROMATA / AFP
Apoie Siga-nos no

O ex-repressor e militar da reserva Adolfo Donda foi condenado nesta segunda-feira (4) a 15 anos de prisão como coautor do sequestro de sua sobrinha, a ex-deputada Victoria Donda, durante a última ditadura cívico-militar na Argentina (1976-1983).

O Tribunal Oral Federal 6 de Buenos Aires o considerou “participante necessário penalmente responsável pelo delito de subtração de menor de 10 anos em concurso ideal com sua retenção e ocultação”, em uma sentença cujos fundamentos serão conhecidos em 6 de maio.

“Embora eu ainda não saiba onde estão meus pais, sei que a partir de hoje eles descansam em paz”, escreveu Victoria Donda em sua conta na rede social X minutos depois da condenação ser conhecida.

María Hilda “Cori” Pérez e José Laureano Donda foram sequestrados em março de 1977 e estão desaparecidos desde então. No momento do sequestro, Pérez estava grávida e deu à luz Victoria no centro clandestino de detenção da antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA).

O tribunal considerou que Adolfo Donda, irmão de José, foi coautor da posterior apropriação da criança pelo suboficial Juan Antonio Azic, condenado por crimes de lesa-humanidade e atualmente em prisão domiciliar.

Adolfo Donda recebeu a sentença da prisão de Ezeiza, no oeste de Buenos Aires, onde cumpre pena de prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade cometidos na ESMA.

A advogada querelante, Carolina Villella, disse à AFP que a pena recebida é a máxima para esse tipo de delitos e considerou que a sentença “é motivo de celebração”.

Victoria Donda recuperou sua identidade em 2004, foi deputada nacional de 2007 a 2019 e, de 2019 a 2022, foi titular do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), que foi fechado no mês passado pelo governo de Javier Milei aguardando uma auditoria.

A sentença é “de suma importância pelo momento lamentável que estamos vivendo, onde existem negacionistas dos fatos ocorridos na última ditadura cívico-militar na Argentina”, afirmou Villella, destacando que “demonstra que as evidências são tão contundentes que não há possibilidade de retrocesso nesse assunto”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo