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Relatório mostra que racismo contra negros aumentou na UE nos últimos cinco anos

Quase metade dos afrodescendentes que vivem na UE são vítimas de racismo no dia a dia, de acordo com estudo

Agência europeia pede que Estados-membros tomem medidas contgra o racismo no bloco AFP PHOTO/ANP MARTEN VAN DIJL
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Quase metade dos afrodescendentes que vivem na UE são vítimas de racismo no dia a dia, de acordo com um estudo da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, publicado nesta quarta-feira 25.

Segundo o relatório, intitulado “Ser negro na UE”, 45% dos entrevistados disseram ter “sofrido racismo nos últimos cinco anos”. Em  2016, quando foi publicado o último documento, 39% relataram a mesma situação. “É chocante não ver nenhum avanço desde nossa última pesquisa”, destaca o comunicado divulgado pela agência. No entanto, a “discriminação permanece invisível, porque apenas 9% a denunciam.”

Cerca de 30% dos participantes afirmam ter sido vítimas de assédio e 31% de discriminação no trabalho. O relatório apontou que, em geral, os afrodescendentes obtêm mais contratos temporários e ocupam cargos abaixo de seu nível de qualificação.

Quase 12% dos entrevistados dizem que foram detidos pela polícia no ano anterior à pesquisa e 58% acreditam que foram vítimas de discriminação racial. Na escola, a situação não é diferente: os jovens negros estão três vezes mais expostos ao abandono dos estudos em relação ao restante da população. Em 2022, um número maior de pais também declarou que seus filhos foram vítimas de racismo, em relação a 2016.

A alta da inflação e a queda do poder aquisitivo também aumentam o risco de pobreza entre os afrodescendentes. Cerca de 33% dos entrevistados declararam ter dificuldades para pagar as contas e 14% cortou a calefação por falta de recursos, contra 18% et 7% da população em geral. Ao menos 31% afirmam que foram vítimas de discriminação na hora de procurar um lugar para morar.

Queda na França

Os números mostram diferenças significativas entre os países da União Europeia: 72% dos negros na Áustria e 76% na Alemanha dizem ter sido vítimas de racismo, em comparação a 56% na Bélgica e 26% em Portugal. Na França, esse número é de 37%, contra 46% em 2016. Cerca de 48% dos entrevistados já foram parados pela polícia francesa pelo fato de serem negros. Esta situação já havia sido denunciada em maio pela ONU.

Para combater esse tipo de prática, agência europeia pede aos Estados-membros que “apliquem corretamente a legislação antidiscriminação”, desenvolvam  “políticas específicas”, mas também “recolham dados sobre a igualdade, incluindo a origem étnica ou racial”. A agência ainda pede aos países que “tomem medidas para prevenir e erradicar práticas institucionais discriminatórias e cultura policial”.

O estudo foi realizado através de um questionário para cerca de 6.800 pessoas de origem africana subsaariana (ou territórios ultramarinos, no caso de França), entre outubro de 2021 e outubro de 2022.

Participantes da Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha,  Irlanda, Luxemburgo, Polônia, Portugal, Espanha e Suécia responderam a uma série de perguntas sobre suas experiências. Os 13 países foram selecionados pela disponibilidade de dados anteriores, que permitem a comparação e porque “a maioria das pessoas de origem africana subsariana que vive na UE mora nestes 13 países”.

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