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Relatório denuncia abusos contra imigrantes detidos nos EUA

O presidente Donald Trump fez campanha com a promessa de deportar milhões de imigrantes em situação irregular

Relatório denuncia abusos contra imigrantes detidos nos EUA
Relatório denuncia abusos contra imigrantes detidos nos EUA
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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Os testemunhos coletados por três organizações, incluindo a Human Rights Watch (HRW), em centros de detenção de imigrantes na Flórida, relatam abusos físicos, assédio verbal e tratamento degradante, segundo um relatório que alerta para casos “potencialmente mortais”.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez campanha com a promessa de deportar milhões de imigrantes em situação irregular.

Entre outras medidas, seu governo designou alguns imigrantes como “inimigos estrangeiros”, realizando deportações aos seus países de origem, negando a possibilidade de solicitar asilo à maioria e ampliando o uso de um processo acelerado de expulsão.

Além disso, uma lei aprovada desde que Trump retornou ao poder em janeiro obriga o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) a prender todos os migrantes acusados de uma série de crimes.

O relatório divulgado nesta segunda-feira pelas organizações HRW, Americans for Immigrant Justice e Sanctuary of the South, denuncia abusos em três instalações na Flórida: o Krome North Service Processing Center (Krome), o Broward Transitional Center (BTC) e o Federal Detention Center (FDC) em Miami.

No documento, Chauhan e Pedro descreveram uma transferência em abril em que foram detidos junto com dezenas de homens em uma cela durante a madrugada “com os pés algemados e as mãos amarradas atrás das costas”. “Eles foram então deixados na sala por horas”, afirma o relatório.

“Eram as 17h da tarde e ninguém havia almoçado. Alguns nem tomaram café da manhã. Podíamos ver a comida através das grades da nossa cela de detenção em recipientes de poliestireno em um carrinho. A comida estava à nossa frente, mas os guardas se recusaram a nos dar”, disse Chauhan à HRW.

“Às 7h horas, finalmente nos deram o almoço, mas apenas depois de outro guarda protestar em nosso nome. Estávamos algemados, de modo que não podíamos alcançar os pratos com as mãos. Tivemos de colocar os pratos nas cadeiras e depois nos abaixar e comer com a boca, como cachorros”, acrescentou. “Tínhamos de comer como animais”, lembrou Pedro.

Em geral, os detidos denunciaram “buscas invasivas injustificadas, comportamento humilhante por parte dos oficiais e transferências punitivas”, segundo o texto de quase 100 páginas.

“Este tratamento não só pode causar um dano psicológico duradouro, mas também viola os padrões internacionais de direitos humanos e as próprias pautas de detenção do ICE”, denunciam as organizações.

De acordo com o documento, pelo menos duas mortes recentes podem estar relacionadas à negligência médica.

“Estes não são incidentes isolados, mas o resultado de um sistema de detenção fundamentalmente falho e repleto de abusos graves”, considerou Belkis Wille, executiva da HRW, em um comunicado.

A AFP entrou em contato com o ICE para comentar o assunto, mas até o momento não obteve resposta.

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