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Relatores da ONU querem saber se CEO da Amazon foi hackeado via príncipe saudita

Embaixada da Arábia Saudita nos EUA classificou como “absurdas” acusações de que o governo de Riad roubou informações do celular de Bezos

Jeff Bezos, CEO da Amazon, e Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita, em foto de 2016 - Foto: Bandar AL-JALOUD/AFP/Saudi Royal Palace
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Especialistas da ONU pediram nesta quarta-feira 22 uma investigação para saber se o celular do fundador e presidente da Amazon, Jeff Bezos, foi hackeado depois de receber uma mensagem do WhatsApp de uma conta atribuída ao príncipe saudita Mohamed bin Salman.

A invasão, há dois anos, resultou na publicação de imagens íntimas do presidente da Amazon, também proprietário do jornal Washington Post, para o qual Jamal Khashoggi, jornalista saudita crítico de Riad, trabalhou e foi assassinado em 2 de outubro de 2018 no consulado de seu país em Istambul.

Em uma declaração, Agnès Callamars, relatora de execuções extrajudiciais, e David Kaye, seu colega sobre liberdade de expressão, consideraram que “os supostos hackers de Bezos e de outras pessoas devem sofrer uma investigação imediata pelas autoridades americanas”.

Os relatores da ONU indicam que receberam informações que “sugerem o possível envolvimento do príncipe herdeiro na estreita vigilância de (a intimidade) de Bezos, com o objetivo de influenciar a abordagem do Washington Post às informações sobre a Arábia Saudita.

Esses especialistas são indicados pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, mas não falam em nome da ONU. Eles pediram que a investigação se concentre principalmente no envolvimento direto ou indireto do príncipe herdeiro em ações cujo alvo seriam supostos opositores”.

Sauditas negam

A Embaixada da Arábia Saudita em Washington classificou como “absurdas” acusações de que o governo de Riad roubou informações do celular do multimilionário americano Jeff Bezos. “Pedimos uma investigação sobre essas alegações para que possamos descobrir todos os fatos”, escreveram os diplomatas nesta quarta-feira 22 no Twitter.

Fontes citadas numa reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal britânico The Guardian afirmam que o bilionário foi hackeado por meio de um vídeo enviado a ele no WhatsApp a partir de uma conta aparentemente usada pelo príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman. O príncipe e o empresário americano tinham um contato aparentemente amigável quando o vídeo foi enviado em maio de 2018, disseram as fontes.

Eles acrescentaram que é “altamente provável” que o vídeo contenha um arquivo malicioso que se tornou ativo no celular de Bezos. Grandes quantidades de dados foram, então, retiradas do dispositivo, de acordo com a reportagem.

Entenda o caso

Bezos é o proprietário da gigante de compras online Amazon e do prestigiado diário americano The Washington Post, que empregou o jornalista Jamal Khashoggi, dissidente saudita que escrevia colunas críticas a Mohammed bin Salman. Ele foi brutalmente assassinado após ser alvo de uma emboscada realizada por agentes sauditas no consulado da Arábia Saudita em Istambul, em outubro de 2018.

Em janeiro de 2019, Bezos e sua então esposa, MacKenzie, anunciaram que estavam se divorciando. Poucas horas após o anúncio, o jornal National Enquirer divulgou uma reportagem sobre um caso extraconjugal de Bezos e depois publicou mensagens de texto privadas entre ele e a ex-apresentadora de TV Lauren Sanchez. O jornal também afirmou ter acesso a “selfies lascivas” enviadas por Bezos.

Em fevereiro, Bezos acusou os responsáveis pelo National Enquirer de tentar extorqui-lo. Ele afirmou que a American Media, editora do periódico, ameaçou publicar fotos nuas dele e pediu dinheiro para não divulgar as imagens. Enquanto a editora alega que suas informações vieram do irmão da parceira extraconjugal de Bezos, os investigadores contratados por Bezos disseram ser altamente provável que os sauditas “obtiveram informações privadas” sobre o empresário.

Bezos, que é um dos homens mais ricos do mundo, pagou à ex-esposa 38 bilhões de dólares em ações da Amazon como parte do acordo de divórcio acertado em junho, o maior acordo do tipo da história.

*Com informações da AFP e DW

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