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Rejeição ao uso obrigatório de máscara gera tensão e violência nos EUA

Nos EUA, que contabilizam mais de 1.6 milhões de casos de covid-19, manifestantes classificam recomendações sanitárias como ‘comunistas’

Protesto em Harrisburg, Pensilvânia, manifestante com cartaz com uma máscara diz: novo símbolo da tirania. (Foto: AFP/Mark Makela)
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Nos Estados Unidos, o uso de máscara é obrigatório em muitos estados, mas a imposição vem sendo contestada por parte da população. Nas redes sociais, aumenta a difusão de vídeos que mostram “resistência” ao uso do equipamento de proteção, sob alegação de que se trata de um ataque às liberdades individuais. Os partidários do presidente americano, que não usa máscara, são maioria nesse movimento de protesto.

No país com o maior número de casos confirmados e de mortes por causa do novo coronavírus, cresce a difusão de cenas como as registradas em Minnesota, na região norte, onde um grupo de mulheres se dirige para um repórter exigindo que ele tire sua máscara. No estado, o número de casos vem aumentando e atingiu 19.845 doentes, com 852 mortes.

“Isso é comunismo, nós é que temos que ter liberdade para decidir o que fazer com nosso corpo”, disse um manifestante à uma emissora de televisão, quando questionado sobre o uso do equipamento de proteção.

Em outras regiões do país, protestos acontecem na porta de lojas, com clientes forçando a entrada e até agredindo agentes de segurança que cumprem a obrigação de não permitir a entrada de pessoas sem máscaras.

Em Miami, diante de um supermercado, um dos clientes protestou aos gritos por ter sido impedido de fazer compras sem máscara. “Vocês estão violando meu direito constitucional”, disse, aos berros.

No início do mês, em Flint, cidade de Michigan, um agente de segurança de 43 anos foi morto a tiros por ter exigido o uso obrigatório do equipamento. Três pessoas de uma mesma família, segundo a imprensa americana, foram indiciadas pelo assassinato.

Contornos de batalha política

Outros vídeos que circulam na internet mostram clientes revoltados com a necessidade do uso de máscara, tossindo na frente de funcionários de uma agência de Correios ou de donos de cafés e restaurantes.

O movimento está ganhando força, a ponto de várias autoridades eleitas terem que vir à público lembrar que portar o acessório é uma medida de saúde, relata a correspondente da RFI em Washington, Anne Corpet.

“Se alguém usa uma máscara, não é necessariamente para dizer qual partido ou qual candidato ele apoia, ele pode fazê-lo porque tem uma criança de cinco anos em tratamento contra o câncer, ou porque existe um adulto vulnerável em sua família, que está lutando porque foi gravemente afetado pela Covid-19”, diz, em tom emocionado, Doug Burgum, governador de Dakota do Norte.

O respeito às medidas sanitárias corre o risco de se tornar uma batalha política. Os apoiadores de Donald Trump raramente colocam máscara. O próprio presidente republicano se recusa a utilizar o equipamento em público, apesar das recomendações de seu governo.

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