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Quem é o novo ministro da Defesa da Argentina e como escolha reduz influência da vice de Milei

Javier Milei, presidente eleito da Argentina, confirmou o nome do macrista Luis Petri para a pasta da Defesa

Foto: Reprodução/Twitter
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O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta segunda-feira 4 que Luis Petri será o ministro da Defesa do seu governo. Petri foi candidato a vice-presidente na chapa de Patricia Bullrich, que será a futura ministra da Segurança, nas eleições presidenciais encerradas em dezembro.

Com isso, o dueto da coalizão de centro-direita Juntos Por El Cambio integrará o governo Milei, o que foi destacado no comunicado do grupo do presidente eleito, divulgado hoje. Milei assumirá a Casa Rosada no próximo domingo 10.

Nascido em San Martín, na província de Mendoza, Petri é formado em direito pela Universidad Nacional del Interior. Em 2013, ele foi eleito deputado pelo partido Unión Cívica Radical, de centro-direita, e acabou se reelegendo em 2017. No período, Petri fez parte das comissões de segurança e de combate ao tráfico de drogas.

Como deputado, Petri votou a favor de uma lei que facilitou o acesso ao emprego formal para pessoas trans. Por outro lado, ele foi contra a legalização e regulamentação da prática do aborto na Argentina, que é lei desde 2020.

A chegada de Petri à Defesa e a perda de poder político de Victoria Villarruel

A disputa pela pasta da Defesa vinha sendo travada por representantes da centro-direita e da direita radicalizada – a última, mais próxima a Milei -, desde o fim das eleições. Um marco importante na disputa estava na figura de Victoria Villarruel, futura vice-presidente da Argentina. Ainda durante as eleições, Milei chegou a dizer que ela seria a responsável por indicar os nomes dos futuros ministros da Defesa e da Segurança.

Isso, porém, não aconteceu. Villarruel, filha de militares e uma das principais vozes contra a corrente dominante que impõe à última ditadura militar argentina (1976-1983) o desaparecimento de cerca de 30 mil pessoas, desejava ter na pasta da Defesa um nome próximo. A perda de poder de Villarruel não se deu apenas com a indicação de Petri à pasta, mas com o fato de que Bullrich será a próxima ministra da Segurança.

Apesar de Milei ter adotado um discurso de campanha prometendo a diminuição dos gastos públicos, Villarruel, por outra via, indicava que destinaria mais recursos para as Forças Armadas, principalmente através do aumento dos salários dos militares.

Historicamente, a Argentina gasta menos do que os seus vizinhos latino-americanos com militares. Segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), referentes a 2022, a Argentina destinou cerca 0,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) a gastos militares. 

O número é inferior a praticamente todos os países da região. Colômbia (3,1%), Cuba (2,9%) e Equador (2,2%). O Brasil, segundo o mesmo estudo, teve gastos militares na ordem de 1,1% do seu PIB, estando à frente do Paraguai (0,8%) e da Venezuela (0,6%), além da própria Argentina. 

Na comparação dos tamanhos dos Exércitos entre os países, o Brasil tem, em 2023, cerca de 360 mil militares na ativa. A Argentina, cuja população é cerca de um quarto da brasileira, tem pouco menos de 100 mil militares na ativa.

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