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Quem é Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa que se tornou inelegível

Ela aparece na liderança de pesquisas eleitorais importantes sobre a presidência em 2027; a condenação, no entanto, frustra o projeto político da extremista

Quem é Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa que se tornou inelegível
Quem é Marine Le Pen, a líder da extrema-direita francesa que se tornou inelegível
Marine Le Pen, líder da extrema-direita na França. Foto: DENIS CHARLET / AFP
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A condenação de Marine Le Pen a quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade pela justiça francesa deve minar os planos da líder da extrema-direita de assumir o Palácio do Eliseu em 2027.

Le Pen aparece na liderança de parte importante das pesquisas sobre a disputa pela presidência em 2027. A condenação confirmada nesta segunda-feira 31, no entanto, frustra o projeto político da extremista, já que a inelegibilidade é de aplicação imediata, mesmo em caso de recurso. A prisão, por sua vez, é diferente, já que o Tribunal Correcional de Paris permite que cumpra apenas dois anos em regime domiciliar, com uma tornozeleira eletrônica.

O tribunal a condenou por desvio de fundos públicos europeus. Outros oito membros de seu partido, o Reunião Nacional, foram considerados culpados. A Corte ainda deve pronunciar as penas individualmente. Le Pen, que também terá de pagar uma multa de 100 mil euros, deixou o tribunal sem ouvir a decisão e não quis conversar com a imprensa.

Quem é Marine Le Pein

A atual deputada francesa é filha do líder histórico da extrema-direita do país, Jean-Marie Le Pen. Ela herdou a liderança da Frente Nacional (FN) em 2011, renomeada para RN em 2018. Desde que assumiu a liderança do grupo, Le Pen afastou em grande medida o partido do antissemitismo que o caracterizou por décadas.

A política procurou projetar uma imagem popular nos últimos anos, com visitas a mercados, passeios de trator e entrevistas íntimas. Nas últimas declarações, Le Pen se apresentava como fazendeira e mãe de gatos, em uma tentativa de normalizar sua imagem e minar a “frente republicana” de partidos que se opõem à extrema-direita na França.

Em seu feudo de Hénin-Beaumont, na outrora próspera região mineradora do norte da França, ela se apresentou como uma “mãe de família” disposta a defender os franceses mais “vulneráveis”. Ao mesmo tempo, porém, Le Pen defende reservar a assistência social para os franceses e o fim da reunificação familiar para migrantes, além de combater a “ideologia islamista” e proibir o véu em espaços públicos.

Internacionalmente, a invasão russa da Ucrânia em 2022 fez com que Le Pen se distanciasse do presidente Vladimir Putin e gradualmente abandonasse as demandas mais controversas de seu partido, como a saída da França da zona do euro.

Na última consagração de sua estratégia, Serge e Beate Klarsfeld, famosos caçadores de nazistas, consideraram em 2024 que o RN havia evoluído “positivamente” em relação aos “judeus” e ao “apoio a Israel”.

Até o momento, a líder da extrema-direita não deu nenhum indício sobre o que fará agora. A nível partidário, já deu a entender, em novembro, que seu candidato presidencial poderá ser Jordan Bardella, o popular e jovem presidente de 29 anos do RN.

Apesar da vantagem atual em pesquisas eleitorais, Le Pen tem um histórico de derrota no pleito nacional: ela já foi esteve na urnas em 2017 e 2022, mas foi derrotada por Emmanuel Macron. Dessa vez, no entanto, o presidente de centro-direita não poderá participar da eleição, conforme determina a legislação da França.

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