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Quem ama a democracia e o Estado de Direito deve estar ao lado de Cristina, diz Fernández após condenação
A vice-presidenta da Argentina foi condenada a seis anos de prisão em um processo que classifica como perseguição


O presidente da Argentina, Alberto Fernández, prestou solidariedade à vice-presidenta Cristina Kirchner, condenada a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos, no âmbito de uma acusação de favorecimento ilícito a empresários na execução de obras públicas na província de Santa Cruz, no sul do país.
“Hoje, na Argentina, uma pessoa inocente foi condenada. Alguém que os poderosos tentaram estigmatizar por meio da mídia e perseguiram via juízes complacentes que passeiam em jatos particulares e mansões de luxo nos fins de semana”, escreveu Fernández nas redes sociais.
Trata-se de uma referência à polêmica originada em uma viagem em 13 de outubro a Lago Escondido, na Patagônia argentina, da qual participaram juízes, promotores, empresários do Grupo Clarín e funcionários da prefeitura de Buenos Aires, controlada pela oposição.
Os viajantes, que se deslocaram em um avião particular, hospedaram-se na casa de campo do milionário britânico Joe Lewis, dono de milhares de hectares no sul do país. No último fim de semana, veio à tona uma série de mensagens de um chat na plataforma Telegram em que os participantes da viagem combinavam uma estratégia para evitar a divulgação do passeio e esconder a origem do financiamento.
“A sorte estava lançada desde o início e bastou um julgamento simulado iniciado por um dos juízes que usufruiu da viagem paga pelo Grupo Clarín“, prosseguiu Fernández nesta terça. “Hoje acompanho e me solidarizo com Cristina, sabendo que ela é vítima de uma perseguição absolutamente injusta. Eu sei de sua inocência.”
Segundo o presidente, “todos os bons homens e mulheres que amam a democracia e o Estado de Direito devem ficar ao seu lado”.
CFK foi acusada de favorecimento ao empresário Lázaro Báez, considerado próximo de sua família, na concessão de licitações de obras públicas.
Além de vice-presidente da República, ela é presidenta do Senado e, por isso, a condenação só deverá ser cumprida se for confirmada pela Corte Suprema. Nesta terça, após a sentença, a líder peronista fez um pronunciamento direto do Senado.
“Essa condenação não é pelas leis da Constituição, ou pelas leis administrativas ou pelo Código Penal. É uma condenação que tem origem num sistema que eu, quase ingenuamente, chamei de lawfare e de Partido Judicial. É muito mais simples. Não é lawfare, nem Partido Judicial. Isso é um Estado paralelo e uma máfia judicial“, declarou.
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