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Quais países sancionaram Israel pela guerra em Gaza?

Pressão pela aplicação de sanções a Israel está crescendo. Turquia proibiu a exportação de dezenas de produtos, e França não descarta também aplicar a medida

Quais países sancionaram Israel pela guerra em Gaza?
Quais países sancionaram Israel pela guerra em Gaza?
Cenário de destruição em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 31 de março de 2024. Foto: Mohammed Abed/AFP
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Os países aliados de Israel elevaram nas últimas semanas a pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu para que permita a entrada de mais ajuda na Faixa de Gaza, a fim de evitar a piora da crise humanitária. Mas até agora poucos impuseram sanções ao país do Oriente Médio ou boicotes a produtos israelenses, com algumas exceções.

A DW analisa as medidas adotadas por alguns países e organizações ativistas nesse sentido.

Turquia suspende exportação de itens

Em sua primeira medida significativa contra Israel desde o início da guerra, a Turquia anunciou na terça-feira restrições a uma ampla gama de produtos de exportações para Israel até que um cessar-fogo seja declarado em Gaza.

A medida restringe as vendas de produtos de 54 categorias, incluindo aço, fertilizantes, combustível de aviação, tijolos e equipamentos de construção. O Ministério do Comércio da Turquia também disse que já havia parado de autorizar o envio a Israel de quaisquer produtos que pudessem ser usados para fins militares.

As novas restrições ocorrem após protestos em toda a Turquia pedirem sanções a Israel por causa de sua ofensiva contra o Hamas em Gaza. No sábado, a polícia de Istambul deteve dezenas de manifestantes que exigiam o fim do comércio com Israel.

O principal partido de oposição, o CHP, pediu a suspensão total do comércio com Israel, enquanto outros partidos pediram ao governo que bloqueasse seu espaço aéreo e portos para aviões e embarcações com destino a Israel.

O economista e ex-político turco Oguz Oyan disse à DW que “Ancara foi forçada a tomar tal decisão”. Ele acrescentou que, durante a campanha das eleições locais em março, o governo Erdogan “teve problemas devido às suas boas relações comerciais com Israel, e isso afetou o comportamento dos eleitores conservadores”.

O ministro do Exterior de Israel rebateu as restrições, disse que a Turquia havia “violado unilateralmente” os acordos comerciais bilaterais e prometeu retaliação.

EUA, França e Reino Unido sancionam colonos israelenses

Entre as potências ocidentais, apenas a França cogitou aplicar sanções mais amplas para pressionar Israel a retirar suas tropas de Gaza e permitir que mais ajuda humanitária chegue aos palestinos.

“Temos várias maneiras de utilizar nossa influência; obviamente, podemos impor mais sanções”, disse o ministro do Exterior francês, Stephane Sejourne, às emissoras locais RFI e FRANCE24 na terça-feira.

Sejourne referia-se a sanções contra indivíduos que já haviam sido impostas pelos EUA, Canadá, França e Reino Unido, tendo como alvo colonos israelenses na Cisjordânia ocupada por Israel.

Em fevereiro, o governo de Joe Biden sancionou vários colonos israelenses que acusou de minar a estabilidade no território palestino. O Departamento de Estado dos EUA disse que dois postos avançados de Israel tinham sido bases para a violência contra os palestinos.

A Casa Branca também impôs sanções a vários homens israelenses que acusou de envolvimento na violência promovida por colonos na Cisjordânia. As sanções normalmente congelam todos os bens nos EUA dessas pessoas e impedem os americanos de fazer negócios com elas.

O Canadá, a França e o Reino Unido impuseram restrições semelhantes a vários colonos israelenses.

O governo Biden também planeja exigir que os produtos produzidos nos assentamentos da Cisjordânia sejam claramente identificados como tal, informou o jornal Financial Times na semana passada.

Em 2019, a corte mais alta da União Europeia determinou que os produtos de assentamentos judeus da Cisjordânia devem ser rotulados como provenientes de território ocupado e não implicar que vieram de Israel.

Chile impede Israel de participar de feira de aviação
O governo chileno informou a Israel em março que suas empresas seriam proibidas de participar da Feira Internacional do Ar e do Espaço (FIDAE) de 2024. Organizada pela Força Aérea do Chile, a feira é considerada a principal mostra aeroespacial e de defesa da América Latina e reúne expositores de mais de 40 países.

Além da proibição, o Chile cancelou todas as atividades de cooperação ou treinamento em território chileno com Israel. O governo disse que não compraria mais armas, sistemas de defesa ou de segurança de Israel.

Em janeiro, o Chile solicitou ao Tribunal Penal Internacional em Haia que investigasse as ações de Israel em Gaza e nos territórios ocupados.

Normalização dos laços de Israel com países árabes emperra

A guerra entre Israel e Hamas interrompeu o progresso do chamado corredor econômico Índia-Oriente Médio-Europa (IMEC), que visa promover a integração entre a Ásia, o Golfo Pérsico e a Europa.

O projeto prevê a construção de novas conexões ferroviárias e marítimas para fazer frente à enorme iniciativa chinesa de infraestrutura Nova Rota da Seda. Mas o IMEC entrou em compasso de espera enquanto o conflito em Gaza se desenrola.

Havia a esperança de que o IMEC pudesse ajudar a acelerar a aguardada reaproximação entre Israel e Arábia Saudita, aposta do governo Biden para abrir a porta para que outros países muçulmanos reconhecessem Israel.

As nações árabes têm condenado regularmente as táticas agressivas de Israel contra civis enquanto busca combater o Hamas em Gaza. Riad alertou que só normalizaria as relações com Israel se houvesse uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos.

Israel estabeleceu laços com os Emirados Árabes Unidos, o Marrocos, o Sudão e o Bahrein em 2020 como parte dos Acordos de Abraão.

Movimento BDS pede boicotes

O Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) é um movimento não violento liderado por palestinos que promove boicotes, desinvestimentos e sanções econômicas contra Israel. O cofundador do BDS, Omar Barghouti, diz que o movimento se inspirou no movimento antiapartheid da África do Sul.

O BDS tem hoje filiais em 40 países e também defende o boicote a eventos esportivos, culturais e acadêmicos israelenses, além de pressionar empresas estrangeiras que “colaboram” com Israel.

O movimento é regularmente acusado de antissemitismo por Israel e pelos EUA.

Enquanto isso, vários aplicativos estão ajudando os consumidores a boicotar empresas consideradas como apoiadoras de Israel e de sua guerra em Gaza. Um deles, chamado Boycat, permite que os usuários escaneiem o código de barras de qualquer produto e vejam suas ligações com o país do Oriente Médio, e oferece produtos alternativos para compra.

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