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Putin reconhece a independência de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia

Em pronunciamento, o presidente russo criticou a Ucrânia por colaborar com a expansão militar da Otan; o ato de Moscou desagrada a Kiev

O presidente da Rússia, Vladimir Putin. Foto: Alexey Druzhinin/Sputnik/AFP
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou o reconhecimento dos territórios de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass, no leste da Ucrânia, durante pronunciamento nesta segunda-feira 21. A decisão atende a pedidos dos líderes das duas áreas, Denís Pushilin e Leonid Pásechnik.

Em vídeo, o líder de Donetsk havia proposto um acordo de cooperação e de amizade com a Rússia que contemple recursos na área de defesa. Já o líder de Lugansk, que tinha ressaltado a presença de mais de 300 mil cidadãos russos no território, solicitou a medida para evitar a “morte massiva da população da república”.

O ato de Putin desagrada a Ucrânia, porque oficializa o surgimento de duas novas repúblicas dirigidas por lideranças aliadas ao Kremlin. A independência é declarada em meio a um conflito entre a Rússia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, bloco militar de 30 países liderado pelos Estados Unidos que tem tentado se instalar na Ucrânia, país que faz fronteira com o território russo.

Nas palavras do governo ucraniano, a Rússia estaria se preparando para invadir o país.

Em seu pronunciamento, Putin criticou a posição adotada pela Ucrânia, que, segundo ele, favorece a expansão militar da Otan, desde o que ele chamou de golpe de Estado deflagrado em 2014. O presidente russo disse que o governo de Kiev tem rechaçado o cumprimento dos acordos de Minsk, um tratado de cessar-fogo firmado em setembro de 2014 após os conflitos civis da época.

“Quando o nível de ameaça para o nosso país cresce, a Rússia tem o direito de garantir a sua segurança”, afirmou Putin no pronunciamento desta segunda. “Quanto à situação de Donbass, vemos que o governo de Kiev repetidamente expressa rechaço a cumprir os acordos de Minsk. Não está interessado em uma saída pacífica. Ao contrário: trata de organizar uma guerra-relâmpago em Donbass, como já fizeram em 2014 e 2015.”

Segundo o chefe do Kremlin, o governo ucraniano tem colaborado para o fortalecimento do “nacionalismo e do neonazismo agressivos” e não reconhece outra saída a não ser o uso de armamento militar.

“Não passam nenhum dia sem ataques a Donbass. Continuamente usam armamento pesado. Os bloqueios e os assassinatos dos civis não cessam. E não se vê o limite disso”, afirmou Putin. “O assim chamado mundo civilizado prefere não ligar para essas coisas, como se esse genocídio não existisse.”

Putin também solicitou que a Otan atenda às suas propostas para a resolução do conflito com a Ucrânia, apresentadas em dezembro do ano passado.

O mandatário ressaltou três pontos: a não expansão militar do bloco, a não instalação de sua estrutura militar nas fronteiras da Rússia e o regresso ao estado em que a organização se encontrava em 1997.

Diego Pautasso, cientista político e autor do livro China e Rússia no Pós-Guerra Fria (Editora Juruá, 2011), considera que o ato de Putin se assemelha ao episódio da anexação da Crimeia, em que o governo russo saiu fortalecido.

“Revela uma posição de força do Putin, que aquela atitude de provocação da Ucrânia de bombardear a região nos últimos dias era inócua e que a resposta seria dura, sem que a Rússia precisasse realizar uma invasão”, analisa o professor.

Casa Branca anuncia sanções às duas repúblicas

Como resposta, o governo dos Estados Unidos anunciou restrições comerciais aos territórios de Donetsk e Lugansk. De acordo com a Casa Branca, o presidente Joe Biden vai proibir novos investimentos, comércio e financiamento de atores dos Estados Unidos nas regiões reconhecidas como independentes pela Rússia.

Washington chamou o ato de Putin como “flagrante violação aos compromissos internacionais da Rússia” e disse que prepara “medidas econômicas rápidas e severas” para o caso de o governo russo “invada ainda mais a Ucrânia”.

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