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Putin ordena continuidade da ofensiva na Ucrânia após conquista da região de Lugansk

As forças russas devem executar suas missões de acordo com os planos previamente aprovados’, declarou Putin, durante uma reunião com o ministro da Defesa

O presidente da Rússia, Vladimir Putin. Foto: Mikhail Klimentyev/Sputnik/AFP
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou nesta segunda-feira 4 às forças do país que prossigam com a ofensiva no leste da Ucrânia, após a conquista de toda a região de Lugansk.

As forças russas “devem executar suas missões de acordo com os planos previamente aprovados”, declarou Putin, durante uma reunião com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu.

“Espero que tudo corra bem como aconteceu em Lugansk até agora”, acrescentou.

Shoigu disse a Putin no fim de semana que as tropas russas tinham o controle total da região de Lugansk, uma grande vitória para o Kremlin mais de quatro meses após o início de uma ofensiva militar na Ucrânia.

Putin disse nesta segunda-feira que as tropas que integraram a campanha em Lugansk devem “descansar e recuperar suas capacidades de combate”.

Depois de desistir do objetivo inicial de capturar a capital Kiev após a grande resistência ucraniana, a Rússia concentrou seus esforços em conquistar o controle total das regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país.

A declaração do presidente russo aconteceu no momento em que uma conferência internacional começa na Suíça sobre a reconstrução da Ucrânia. 

“A reconstrução da Ucrânia é a tarefa comum de todo o mundo democrático” e a “maior contribuição para a paz mundial”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em um discurso por videoconferência na conferência de Lugano. 

O Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas anunciou no domingo à noite sua retirada de Lysychansk, palco de combates violentos nas últimas semanas.

Após a tomada de Lysychansk, peça central do plano de conquista da bacia industrial do Donbass, majoritariamente russófona e controlada parcialmente desde 2014 por separatistas pró-russos, o exército russo parece concentrar agora seus esforços em Sloviansk e Kramatorsk, duas importantes cidades localizadas mais ao oeste, bombardeadas incansavelmente desde domingo.

Avanços progressivos

“O esforço do inimigo (…) se concentra em alcançar avanços progressivos” sobre as linhas ucranianas nesta área, explicou o Estado-Maior ucraniano nesta segunda-feira. 

Segundo o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, dez pessoas, incluindo duas crianças, morreram no domingo nos bombardeios russos em Sloviansk, a poucos quilômetros da linha de frente.

Esta cidade estava quase deserta nesta segunda-feira, exceto nos arredores de seu mercado destruído, depois que as autoridades ucranianas pediram à população que deixasse a cidade, informaram jornalistas da AFP no local.

Em Siversk, cerca de 20 quilômetros ao oeste de Lysychansk, as tropas ucranianas parecem querer manter uma linha de defesa entre esta cidade e Bajmut, para proteger Sloviansk e Kramatorsk.

“O inimigo intensificou seus bombardeios sobre nossas posições em direção a Bajmut”, confirmou o Estado-Maior do exército ucraniano em seu primeiro boletim nesta segunda-feira.

Reconstrução 

Em Kharkiv, a segunda cidade mais populosa da Ucrânia (nordeste), as autoridades locais informaram a morte de três civis durante os bombardeios da madrugada desta segunda.

Na cidade de Bucha, que se tornou um símbolo das atrocidades atribuídas aos russos, o estigma da luta ainda é visível nas janelas quebradas, nos buracos de bala e nas paredes furadas. 

Embora alguns vizinhos tenham começado a plantar flores em frente aos edifícios ou a reconstruir os seus pomares, a maioria nem se atreve a pensar em reconstruir, devido ao sinal incerto dos combates.

“Nós vamos para a cama sem saber se vamos acordar amanhã”, diz Vera Semeniuk, 65. “Todo mundo voltou e estão começando a consertar as casas, muitos estão colocando novas janelas. Seria terrível se tivéssemos que largar tudo de novo”. 

Uma conferência com cerca de mil funcionários de países aliados à Ucrânia, instituições internacionais e membros do setor privado abriu em Lugano (sul da Suíça) nesta segunda-feira para traçar as linhas da futura reconstrução da Ucrânia. 

A reconstrução da Ucrânia é “a maior contribuição para a paz mundial”, disse o presidente Zelensky na abertura da videoconferência.

Plano Marshall

Zelensky não compareceu, mas enviou seu primeiro-ministro Denys Shmyhal, o presidente do Parlamento ucraniano Ruslan Stefanchuk e uma delegação de aproximadamente cem pessoas.

Devem se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para estabelecer as bases de um “Plano Marshall” para a Ucrânia, em referência ao programa econômico dos Estados Unidos que ajudou a levantar a Europa Ocidental das ruínas da Segunda Guerra Mundial.

Ursula von der Leyen finalizou seu discurso com um enérgico “Slava Ukraini” (“Glória à Ucrânia”), insistindo em reconstruir uma Ucrânia melhor do que a que existia antes da guerra.

A conferência foi agendada antes da Rússia invadir o país e foi originalmente planejada para discutir reformas na Ucrânia, incluindo o combate à corrupção endêmica, mas a pressão da Rússia mudou o rumo para a reconstrução. 

O custo da reconstrução é estimado em US$ 750 bilhões, disse Shmyhal, insistindo que os ativos russos bloqueados por sanções devem ser usados para levantar o país devastado pela guerra.

Robert Mardini, diretor-geral do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, estimou na rede suíça RTS que, embora a verdadeira reconstrução tenha que esperar o fim dos combates, é vital dar “uma perspectiva positiva aos civis”.

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