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Putin anuncia que exigirá pagamento em rublos pelo gás que fornece à Europa

O presidente russo pediu ao Banco Central que adote no prazo de uma semana o novo sistema, que deve ser ‘claro e transparente’

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante celebração da anexação da Crimeia. Foto: Ramil Sitdikov/POOL/AFP
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O presidente Vladimir Putin anunciou nesta quarta-feira 23 que a Rússia exigirá pagamento em rublos do gás que vende para “países hostis”, incluindo os da União Europeia, e deu às autoridades russas uma semana para aplicar o novo sistema.

“Tomei a decisão de aplicar um conjunto de medidas para passar ao pagamento em rublos do nosso gás fornecido a países hostis”, disse o presidente russo em uma reunião do governo, durante a qual explicou que trata-se de uma reação ao congelamento de ativos russos por parte dos países ocidentais.

Putin pediu ao Banco Central e ao governo que adotem no prazo de uma semana o novo sistema, que deve ser “claro e transparente” e implica “a aquisição de rublos no mercado cambial russo”.

O anúncio teve um efeito imediato na moeda russa, que registrou valorização diante do euro e do dólar, depois da forte queda desde 24 de fevereiro, quando as forças russas entraram na Ucrânia.

Putin também insinuou que outras exportações russas serão impactadas.

Os países ocidentais congelaram quase 300 bilhões de dólares de reservas russas no exterior – um “roubo”, segundo  o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

“Está claro que entregar nossas mercadorias à UE e receber dólares, euros e outras moedas não faz mais sentido para nós”, disse Putin.

Decisão histórica

Por enquanto, os hidrocarbonetos russos foram amplamente poupados das duras sanções ocidentais contra a Rússia.

Washington decretou um embargo ao petróleo e ao gás russos. Mas esses produtos continuam a fluir em torrentes para a Europa, altamente dependente dos hidrocarbonetos russos e primeiro mercado para Moscou.

A União Europeia também está considerando um embargo ao petróleo russo.

Moscou trabalha há anos para reduzir a participação do dólar em sua economia, a fim de reduzir sua vulnerabilidade a sanções.

Em março de 2019, a gigante russa de gás pública Gazprom anunciou sua primeira venda de gás em rublos para uma empresa europeia.

“Sem os hidrocarbonetos russos, se as sanções forem impostas, os mercados de petróleo e gás entrarão em colapso”, disse Alexander Novak, vice-primeiro-ministro de Energia, antecipando aumentos de preços sem precedentes.

Após o anúncio de Putin, Novak afirmou que “devemos avançar mais ativamente para negociar em moedas nacionais”, consideradas “mais confiáveis” do que dólar e euro.

É “uma decisão histórica”, saudou Viacheslav Volodin, presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento.

A Presidência ucraniana denunciou rapidamente uma “guerra econômica” levada a cabo por Moscou para “fortalecer o rublo”, enquanto pediu um embargo de petróleo europeu.

“Quebra de contrato”

A Alemanha considerou nesta quarta-feira como “quebra de contrato” a decisão russa de exigir o pagamento em rublos pelas suas exportações de gás para a União Europeia, e não mais em dólares ou euros.

Essa demanda “constitui uma quebra de contrato”, disse o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, em entrevista coletiva em Berlim. “Agora vamos discutir com nossos parceiros europeus para decidir como responder a essa demanda.”

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