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Putin acusa Ucrânia de tentar bombardear usina nuclear

Autoridades ucranianas não rebateram as afirmações do líder russo

Putin acusa Ucrânia de tentar bombardear usina nuclear
Putin acusa Ucrânia de tentar bombardear usina nuclear
Anúncio foi feito durante reunião do gabinete de governo de Putin com transmissão televisiva - Foto: Gavriil Grigorov / Pool / AFP
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O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira 22 a Ucrânia de tentar bombardear a usina nuclear de Kursk, localizada a cerca de 50 km da linha de frente aberta em território russo pelas tropas de Kiev.

Ele não apresentou nenhuma prova ou detalhes do suposto ataque.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia dito algumas horas antes que seu chefe visitaria a usina na próxima semana, sem mencionar qualquer tentativa de ataque às instalações.

Moscou vem alertando há vários dias sobre a “ameaça” de uma catástrofe nuclear no caso de um ataque à usina pelo Exército ucraniano, que em 6 de agosto lançou uma incursão militar terrestre sem precedentes na Rússia desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Kiev afirma ter tomado dezenas de localidades russas.

“O inimigo tentou bombardear a usina nuclear durante a noite”, disse Putin em uma reunião televisionada com membros de seu governo e governadores das regiões fronteiriças da Ucrânia.

O governador da região de Kursk, Alexei Smirnov, disse a Putin que as instalações da usina estavam funcionando sem problemas.

Até o momento, nenhuma autoridade ucraniana comentou as acusações russas.

“Moderação máxima”

A Ucrânia e a Rússia têm se acusado repetidamente de ameaçar a segurança nuclear desde o início do conflito, desencadeado pela intervenção militar russa na ex-república soviética há dois anos e meio.

As tropas russas tomaram a usina abandonada de Chernobyl, no norte da Ucrânia, e a usina de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, nos primeiros dias de sua ofensiva militar em grande escala, em fevereiro de 2022.

A usina de Zaporizhzhya continua a operar sob controle russo, que alega que as forças ucranianas tentaram repetidamente bombardeá-la com drones.

No início deste mês, houve um incêndio na torre de resfriamento de Zaporizhzhya, que, segundo as autoridades russas e a AIEA, não teve impacto significativo.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky acusa a Rússia de “chantagem nuclear”.

Após o início da incursão ucraniana em Kursk, a AIEA pediu “moderação máxima” na área, “para evitar um acidente nuclear que poderia ter graves consequências radioativas”.

A agência da ONU disse à AFP na quinta-feira que seu diretor geral, Rafael Grossi, visitará a usina “na próxima semana”.

“Fortalecimento da defesa”

O ataque surpresa da Ucrânia ao território russo virou o conflito de cabeça para baixo, elevando o moral de suas tropas, que vêm lutando há meses para resistir ao avanço russo no leste do país.

Zelensky visitou seu comandante-chefe na quinta-feira, na região fronteiriça de Sumy, de onde a Ucrânia está enviando suprimentos para as tropas que se aprofundaram no território russo.

No entanto, as tropas de Kiev ainda enfrentam grandes reveses na região oriental de Donetsk, onde a Rússia disse na quinta-feira que tomou outro vilarejo.

Zelensky disse que em Sumy ele discutiu “medidas tomadas para fortalecer a defesa em direção a Toretsk e Pokrovsk”, duas cidades ameaçadas pelo avanço russo.

Na Rússia, Putin foi criticado por minimizar a gravidade da incursão ucraniana em suas declarações públicas.

O governador Smirnov disse que 133 mil pessoas fugiram ou foram evacuadas dos distritos fronteiriços desde que a Ucrânia lançou o ataque.

Abrigos antibombas de concreto estavam sendo montados em cidades da região na quinta-feira, incluindo Kurchatov, próximo à usina nuclear de Kursk.

Mais de 110 escolas russas próximas à fronteira terão aulas remotamente quando o ano letivo começar em setembro, anunciou o Ministério da Educação na quinta-feira.

A ofensiva reduziu ainda mais as mínimas esperanças de que os dois lados estejam dispostos a participar de negociações de paz.

A Rússia descarta negociações diretas enquanto houver tropas ucranianas em seu solo, e Zelensky rejeita conversas com Putin e exige que Moscou retire completamente suas tropas da Ucrânia, incluindo a Crimeia e outros territórios ocupados desde 2014, e pague reparações pelo conflito.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, visitará a Ucrânia na sexta-feira para tentar restabelecer os canais diplomáticos.

“A Índia acredita firmemente que nenhum problema pode ser resolvido no campo de batalha”, disse Modi em Varsóvia na quinta-feira, acrescentando que seu país apoia “o diálogo e a diplomacia para restaurar a paz e a estabilidade o mais rápido possível”.

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