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Protestos marcam aniversário do retorno de Hong Kong à China

Projeto de lei que permitiria extradições à China gerou tensões e onda de protestos no território.

(Foto: Dale de La Rey/AFP)
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Centenas de manifestantes tentaram invadir a sede do Conselho Legislativo de Hong Kong nesta segunda-feira 01, em manifestações que coincidem com o 22º aniversário do retorno da então colônia britânico ao governo chinês, ocorrido em 1º de julho de 1997.

Com guarda-chuvas em mãos, um grupo de manifestantes usou barras de ferro e um carrinho de metal para romper as portas de vidro do prédio do Conselho Legislativo. A polícia local reagiu com disparos de spray de pimenta e golpes de cassetete contra alguns dos manifestantes.

O incidente ocorreu enquanto milhares de moradores de Hong Kong voltaram a bloquear as vias nos arredores do complexo governamental da região semiautônoma. Os protestos no aniversário da devolução de Hong Kong à China fazem parte de uma grande onda de manifestações que atraiu milhares de pessoas às ruas, contra um projeto de lei que pretendia permitir extradições à China continental.

O canal Euronews acompanha, ao vivo, a movimentação dos manifestantes.

Em resposta aos movimentos, o governo local adiou o debate, mas os líderes do protesto exigem que o projeto de lei seja formalmente descartado e que a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, renuncie ao cargo.

A marcha pró-democracia marcada para esta segunda-feira tem em seu roteiro o início no Parque Victoria, no bairro de Causeway Bay, e terminará nos arredores dos escritórios governamentais situados próximos ao centro financeiro da ilha. O aniversário de devolução ao governo chinês é feriado, portanto, os mercados financeiros e a maioria das empresas estão fechados.

Nas primeiras horas do dia, pequenos grupos de manifestantes mascarados – a maioria deles jovens – assumiram o controle de três das principais ruas da cidade. Eles montaram barreiras de metal e plástico para bloquear as vias. Confrontos com a tropa de choque da polícia foram relatados nos distritos de Admiralty e Wanchai.

Protestantes utilizaram barras de metal para quebrar as portas de vidro do Conselho Legislativo de Hong Kong. (Foto: Philip Fong/AFP)

Os distúrbios matinais ocorreram pouco antes de uma cerimônia de hasteamento de bandeira do governo para o 22º aniversário do retorno da cidade ao domínio chinês. O evento foi conduzido por Lam, que não havia sido vista em público pela última vez há mais de dez dias. Em seu discurso, ela fez uso de um tom conciliatório.

“O que aconteceu nos últimos meses causou conflitos e disputas entre o governo e os moradores”, disse a líder pró-Pequim. “Isso me fez entender que, como política, eu preciso estar ciente e compreender com precisão os sentimentos das pessoas.” A celebração do aniversário de 1º de julho foi manchada pelo aumento da insatisfação entre muitos moradores sobre o que muitos veem como crescente interferência da China em Hong Kong e a consequente erosão das liberdades.

Na ex-colônia britânica rege o princípio de “um país, dois sistemas”. A fórmula permite a liberdade de protestos e que a região semiautônoma tenha um Judiciário independente – duas questões que não são aceitas na China. Também por isso, Hong Kong virou o destino de muitos dissidentes que deixaram a China continental para fugir da perseguição política.

No entanto, o projeto de lei apresentado em fevereiro abriria uma brecha para que pessoas acusadas de crimes em Hong Kong pudessem ser extraditadas à China continental – medida vista por diversos grupos civis como uma ameaça para as liberdades regentes em Hong Kong.

Nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou que o Reino Unido não possui responsabilidade sobre Hong Kong e que Pequim desaprova que Londres advogue pelo território. O comentário foi emitido depois que o ministro do Exterior britânico, Jeremy Hunt, ter dito que o Reino Unido continuaria pressionando a China para que respeite os termos sob os quais Hong Kong foi entregue ao país.

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