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Produtor do programa ’60 Minutes’, na mira de Trump, pede demissão

Bill Owens anuncia sua demissão em meio à batalha judicial lançada pelo presidente Donald Trump contra o programa da rede CBS News, propriedade da Paramount

Produtor do programa ’60 Minutes’, na mira de Trump, pede demissão
Produtor do programa ’60 Minutes’, na mira de Trump, pede demissão
O presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Jim Watson/AFP
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O produtor do popular programa americano de jornalismo investigativo “60 Minutes”, Bill Owens, anunciou nesta terça-feira 22 sua demissão, em meio à batalha judicial lançada pelo presidente Donald Trump contra o programa da rede CBS News, propriedade da Paramount.

“Nos últimos meses, ficou claro que não mais me será permitido dirigir o programa como sempre fiz. Tomar decisões independentes baseadas no que é correto para o ’60 Minutes’ e para o público”, escreveu o experiente jornalista em mensagem para sua equipe vista pela AFP.

“Por isso, depois de defender o programa e aquilo pelo que lutamos, de todos os ângulos, ao longo do tempo e com todas as minhas forças, peço demissão para que o programa possa continuar”, acrescenta o produtor-executivo do “60 Minutes”, o terceiro em 57 anos.

O programa, que atrai cerca de 10 milhões de espectadores todos os domingos com reportagens impactantes sobre a sociedade americana e em zonas de guerra, está no centro da ofensiva do presidente dos Estados Unidos contra a imprensa.

No final de outubro de 2024, o republicano processou o programa, acusando-o de ter manipulado uma entrevista realizada em 7 de outubro com sua rival democrata Kamala Harris. As acusações foram rejeitadas veementemente pelo “60 Minutes” e a CBS News.

O programa continuou exibindo informações críticas sobre o governo Trump desde que ele chegou à Casa Branca, e o presidente pediu seu fim, enquanto Elon Musk pedia “longas penas de prisão” para a equipe que o realiza.

A disputa tem como pano de fundo um projeto de fusão entre as matrizes da CBS News, Paramount e Skydance, que precisa ser aprovado pela Autoridade Reguladora de Telecomunicações (FCC, na sigla em inglês), presidida por Brendan Carr, aliado de Trump.

Trump reivindica do canal 20 bilhões de dólares (R$ 115 bilhões, na cotação atual) por danos e prejuízos, de modo que não está descartada a possibilidade de uma mediação entre Paramount e o republicano.

No final de 2024, a ABC News aceitou pagar 15 milhões de dólares (R$ 86,2 milhões) a um fundo destinado a financiar “uma fundação e um museu” dedicados a Trump, a fim de evitar um processo de difamação por parte do presidente.

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