Mundo
Principal líder sindical do Panamá pede asilo na embaixada da Bolívia
O pedido acontece em meio a protestos contra o presidente José Raúl Mulino


O principal líder sindical do Panamá pediu asilo nesta quarta-feira 21 na embaixada da Bolívia, após a prisão de outro dirigente sindical, em um contexto de protestos contra o presidente José Raúl Mulino, informaram autoridades.
O poderoso sindicato da construção Suntracs mantém um forte embate com o governo panamenho por conta de uma reforma das pensões, entre outros assuntos. Saúl Méndez decidiu pedir asilo depois que autoridades fecharam uma cooperativa do sindicato e prenderam Jaime Caballero por suspeita de lavagem de dinheiro.
“Por volta das 2h30, o Sr. Méndez aproximou-se da embaixada da Bolívia, pulou a cerca e solicitou asilo diplomático, com uma carta na mão”, descreveu em entrevista coletiva o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha. Méndez “não é um perseguido político”, afirmou.
Após o pedido de asilo, o Ministério Público informou que emitiu um mandado de prisão contra “cidadãos panamenhos”, devido a uma investigação sobre o Suntracs por suposta fraude agravada, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Embora não tenha citado nomes, a imprensa local afirmou que os mandados têm como alvos Méndez e Genaro López, ex-líder histórico do sindicato.
“A vida e a integridade física do companheiro estavam em risco, por isso tomou-se a decisão de que ele solicitasse asilo político”, disse o líder do Suntracs Yamir Córdoba, segundo o qual Mulino quer “acabar” com o sindicato.
“Vamos aguardar a decisão da Bolívia antes de tomar uma decisão como país. Posso adiantar que o Panamá respeita a instituição do asilo diplomático”, disse o chanceler Martínez-Acha.
Mulino enfrenta há quase um mês uma greve dos trabalhadores da construção civil, que rejeitam a reforma recente da Caixa de Seguridade Social, além de outras medidas do presidente. Um dos articuladores dos protestos é o Suntracs, considerado “uma máfia” por Mulino.
O sindicato também critica o acordo recente com Washington que permite o envio de tropas dos Estados Unidos ao país, a eventual reabertura de uma mina de cobre de capital canadense e a construção de um novo reservatório no Canal do Panamá.
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