Primeiro-ministro de Israel será denunciado por corrupção

Decisão vem a público apenas seis semanas antes das eleições nacionais, nas quais a vitória do chefe de governo está ameaçada

Benjamin Netanyahu (Foto: AFP)

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O Ministério da Justiça de Israel anunciou nesta quinta-feira 28 que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu será denunciado por três casos diferentes de corrupção. A decisão vem a público apenas seis semanas antes das eleições nacionais, nas quais a vitória do chefe de governo está ameaçada.

O procurador-geral israelense, Avichai Mandelblit, informou que aceitou as recomendações da polícia para apresentar denúncias contra Netanyahu, que terá que responder pelos crimes de fraude, recebimento de propina e quebra de confiança.

A apresentação formal dessas acusações ocorrerá apenas depois de uma audiência com o primeiro-ministro, que terá a chance de se defender das suspeitas e questionar as provas. O processo pode levar meses ou até um ano.

O indiciamento – que marca a primeira vez em que um premiê israelense em exercício é notificado de iminentes acusações – aprofunda as incertezas sobre as perspectivas de reeleição do líder direitista nas eleições de 9 de abril. Netanyahu busca seu quarto mandato consecutivo.

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo jornal Times of Israel mostrou que o anúncio da procuradoria pode ter um forte impacto no pleito, impedindo o partido do primeiro-ministro, Likud, de obter maioria no Parlamento israelense.

As acusações são resultado de mais de dois anos de investigações. A suspeita mais grave envolve o chamado caso 4000, no qual Netanyahu será denunciado por fraude, propina e quebra de confiança. Ele teria favorecido a empresa de telefonia Bezeq em troca de uma cobertura favorável a ele no Walla, um dos maiores sites de notícias do país, controlado pelo mesmo grupo.


As acusações por fraude e quebra de confiança se repetem nos outros dois indiciamentos a serem feitos pela procuradoria-geral dentro dos casos que ficaram conhecidos como 1000 e 2000.

O primeiro deles investiga se Netanyahu e sua família receberam presentes em valores que somam 264 mil dólares dos empresários Arnon Milchan e James Packer em troca de favores políticos.

O segundo caso apura se o governo tentou fechar um acordo com o dono do jornal Yedioth Ahronoth também em troca de favorecê-lo. Como recompensa, o primeiro-ministro restringiria a circulação do principal rival do veículo, o diário Israel Hayom, segundo apontam as investigações.

Por ter recebido propina, ele pode ser condenado a até dez anos de prisão. Já os crimes de fraude e quebra de confiança preveem pena máxima de três anos de prisão.

O anúncio dos indiciamentos ocorre apesar das tentativas do partido de Netanyahu de impedir que o primeiro-ministro fosse indiciado durante o período eleitoral – as eleições, previstas para novembro, já foram antecipadas para abril em parte por conta das investigações de corrupção.

O premiê se diz inocente de todas as acusações e já alegou ser vítima de uma “caça às bruxas” liderada pela esquerda, pela imprensa e pela polícia.

Em nota nesta quinta-feira, o Likud reforçou essa ideia de “perseguição política” contra o governo. “A publicação unilateral do procurador-geral apenas um mês antes das eleições, sem dar ao primeiro-ministro uma oportunidade para refutar essas falsas acusações, é uma intervenção gritante e sem precedentes nas eleições”, afirmou o partido.

Netanyahu ocupa o cargo de primeiro-ministro há 13 anos e, se vencer o pleito em abril, pode vir a superar o primeiro chefe de governo de Israel, David Ben-Gurion, como o mais longevo premiê do país. Ele não é obrigado a renunciar se for indiciado, somente se condenado com todos os recursos esgotados.

 

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