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Primeiro julgamento criminal de Trump começa segunda-feira em Nova York

A pouco menos de sete meses das urnas, o bilionário republicano pode enfrentar uma pena de prisão

Foto: Alex Wroblewski / AFP
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Em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais de novembro, começa na segunda-feira (15) o tão aguardado julgamento de Donald Trump, o primeiro ex-presidente dos EUA a sentar-se no banco dos réus da Justiça criminal por um pagamento para evitar um escândalo sexual.

A pouco menos de sete meses das urnas, o bilionário republicano pode enfrentar uma pena de prisão, situação inédita que levanta muitas questões sobre a campanha e o seu provável duelo com o atual inquilino da Casa Branca, Joe Biden.

Trump é convocado ao Supremo Tribunal do Estado de Nova York a partir das 09h30 (hora local, 10h30 no horário de Brasília) de segunda-feira, para responder às acusações de falsificação de documentos comerciais da Trump Organization, a sua empresa familiar.

Segundo a acusação, o republicano escondeu o pagamento de 130 mil dólares (660 mil reais na cotação atual) na reta final da campanha presidencial de 2016 à ex-atriz pornô Stormy Daniels para manter silêncio sobre uma relação sexual extraconjugal que tiveram dez anos antes e que Trump sempre negou.

Nem a relação extraconjugal nem o pagamento constituem um problema judicial, mas é crime ter tentado ocultar o reembolso do montante inicialmente pago pelo seu então advogado pessoal, Michael Cohen – atualmente seu inimigo jurado – disfarçando isso como despesas legais.

Para o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, eleito para o cargo pela chapa democrata, foi “uma conspiração para fraudar a eleição presidencial e mentir em documentos comerciais para encobri-la”.

Enquanto a defesa sustenta que os pagamentos responderam a uma tentativa de extorsão, a acusação pretende mostrar que Donald Trump orquestrou dois outros pagamentos financeiros para encobrir assuntos embaraçosos e que os eleitores americanos foram enganados quando venceu as eleições presidenciais de 2016 contra Hillary Clinton.

Acusado há um ano de 34 acusações de prestação de declarações falsas, cada uma delas punível com até 4 anos de prisão, Donald Trump declarou-se inocente e sente-se vítima de uma “caça às bruxas” dos democratas para impedi-lo de voltar à Casa Branca.

Seleção do júri

Descrito como “zumbi” por estar há muito tempo no limbo na Promotoria de Manhattan, o caso é considerado pelos especialistas o mais fraco dos quatro processos criminais contra Donald Trump.

Mas pode representar uma pedra no seu percurso eleitoral, já que os outros – as tentativas de anulação dos resultados das eleições presidenciais de 2020 e a gestão de documentos governamentais altamente confidenciais – foram tão adiados devido aos múltiplos recursos do seu exército de advogados e questões processuais, que dificilmente serão julgados antes das eleições de 5 de novembro.

Os advogados apresentaram vários recursos nos últimos dias, incluindo o afastamento do juiz colombiano Juan Merchan do caso, mas até agora não tiveram sucesso.

Se tudo correr conforme o previsto, o julgamento terá início na segunda-feira com a escolha dos 12 membros do júri, que pode durar até duas semanas.

Estes cidadãos, que serão mantidos em anonimato por razões de segurança, selarão o destino do bilionário republicano no final de um processo que pode durar entre seis e oito semanas.

Impacto eleitoral

As consequências do julgamento para um eleitorado já pouco entusiasmado com um novo duelo entre o atual presidente, Joe Biden, de 81 anos, e o seu adversário republicano, uma das figuras mais controversas e divisivas da política americana, são difíceis de prever.

“É inédito que o candidato de um grande partido seja acusado de forma credível de vários crimes diferentes”, resumiu Hans Noel, professor da Universidade de Georgetown, à AFP.

De acordo com várias pesquisas, alguns eleitores americanos (32% de acordo com uma pesquisa Ipsos de março) estariam menos inclinados a votar em Donald Trump se ele fosse considerado culpado.

Mas Noel lembra que “os problemas jurídicos de Donald Trump ajudaram-no principalmente com o eleitorado republicano” durante as primárias, ao alimentar “o seu discurso como porta-estandarte do povo, atacado pelos poderes constituídos”.

Trump, que sobreviveu a dois julgamentos de impeachment durante seu mandato na Casa Branca (2017-2021) e foi dado como “politicamente morto” diversas vezes, viu seus problemas judiciais se acumularem no último ano.

Até agora, este ano, ele foi condenado a pagar indenizações e multas no valor de mais de 500 milhões de dólares (2,5 bilhões de reais) por difamar uma ex-jornalista que o acusou de estupro e por inflacionar colossalmente o valor dos ativos da Trump Organization.

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