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Presidente interina da Bolívia desiste de disputar eleições

Decisão ocorre após candidato do partido de Evo Morales aparecer em primeiro lugar nas pesquisas

Presidente interina da Bolívia desiste de disputar eleições
Presidente interina da Bolívia desiste de disputar eleições
A ex-presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez. Foto: AFP
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A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou nesta quinta-feira 17 sua retirada da disputa presidencial, em uma tentativa de evitar a vitória do candidato Luis Arce, apoiado pelo ex-presidente Evo Morales.

 

“Hoje, deixo de lado minha candidatura à presidência da Bolívia, para cuidar da democracia”, disse a presidente interina, de direita, em pronunciamento na TV.

Ao lado do seu companheiro de chapa, o empresário Samuel Doria Medina, e por outros aliados políticos, Jeanine pediu união contra o MAS, cujo candidato está em primeiro lugar nas pesquisas de opinião. “Se não nos unirmos, Morales volta, a democracia perde, a ditadura ganha”, afirmou.

Jeanine abandona a corrida eleitoral um dia após a divulgação de uma pesquisa nacional da fundação católica Jubileo em que ela aparece em quarto lugar, com 7% das intenções de voto, atrás de Arce (29,2%), do ex-presidente Carlos Mesa (19%) e do líder cívico regional Luis Fernando Camacho (10,4%).

A presidente interina assumiu o cargo em novembro de 2019, após a renúncia de Morales devido a uma convulsão social.

Ela prometeu comandar um governo de transição com o objetivo de convocar novas eleições em 2020, mas, em janeiro, anunciou que disputaria a presidência, decisão muito criticada por adversários e até alguns aliados.

Aliança anti-MAS

Após o anúncio de Áñez, imediatamente surgiram versões de que a presidente interina abriu um canal de negociação com Mesa para formar uma coalizão contra o MAS nas urnas.

Mesa afirmou nas redes sociais estar “sempre disposto ao diálogo”.

“A decisão de travar o MAS e abrir uma nova etapa na qual, em primeiro lugar, estão as pessoas sempre será do povo boliviano”, escreveu Mesa, que elogiou a decisão de Áñez, embora tenha criticado a presidente interina pela maneira como lidou com a pandemia e a crise econômica.

O ministro de Obras Públicas, Iván Arias, garantiu “que nada está sacramentado”, em referência a eventuais negociações políticas, mas disse que “o importante era dar este primeiro passo”.

A porta-voz do MAS, Marianela Paco, afirmou em tom de irritação que a decisão de Áñez “tem como base o roteiro traçado pela direita boliviana, que trata de alianças baseadas no ódio, contra o único partido do povo”.

Paco acrescentou que Arce, se eleito, trabalhará para resolver os problemas dos bolivianos, tanto econômicos quanto de saúde.

Dúvidas legais

Após o anúncio de Áñez, surgiram dúvidas se a desistência da candidatura é válida, já que o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) encontra-se atualmente na fase da impressão das cédulas de voto para cerca de 7,3 milhões de eleitores.

Além disso, o partido de Áñez, o Juntos, registrou candidatos a senadores e deputados nas eleições.

Uma fonte do TSE disse que o que falta por enquanto é que a presidente interina formalize sua renúncia e que os magistrados do órgão eleitoral emitam uma resolução.

As eleições presidenciais e legislativas deste ano, que foram adiadas três vezes devido à pandemia, substituem as acirradas eleições de outubro de 2019, que geraram protestos que levaram à renúncia de Morales.

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