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Presidente do Equador recebe críticas após declaração sexista

Lenín Moreno afirmou que mulheres só denunciam casos de assédio quando cometidos por homens feios

O ex-presidente do Equador, Lenín Moreno (Foto: Eduardo Santillán / Presidência da República)
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Após ser alvo de uma enxurrada de críticas nas redes sociais, o presidente do Equador, Lenín Moreno, pediu desculpas neste fim de semana por suas declarações controversas sobre violência contra a mulher, negando que sua intenção tenha sido “minimizar” esses abusos.

“No meu comentário sobre assédio, não pretendia minimizar um assunto tão sério como violência ou abuso. Peço desculpas se foi entendido dessa maneira. Rejeito a violência contra as mulheres em todas as suas formas!”, escreveu Moreno no Twitter no sábado 1.

Durante uma reunião com empresários – a maioria homens – na sexta-feira 31 na cidade de Guaiaquil, o mandatário declarou que homens estão sob constante perigo de serem acusados de assédio e que mulheres apenas denunciam casos de abuso quando cometidos por homens “feios”.

“Os homens estamos constantemente sujeitos a acusações de assédio. Eu vejo que as mulheres muitas vezes denunciam os assédios, é verdade, e é bom que o façam. Mas às vezes vejo que se enfurecem com aquelas pessoas feias”, disse Moreno.

Ele continuou: “Isso quer dizer que assédio é quando vem de uma pessoa feia, mas se a pessoa é bem apresentada de acordo com os cânones, elas não costumam pensar necessariamente que seja um assédio.”

O presidente equatoriano completou que, no caso de um homem de sua idade, 66 anos, não seria assédio sexual (acoso em espanhol), mas “ocaso sexual”.

Avalanche de críticas

Um vídeo de apenas 36 segundos com as declarações controversas de Moreno foi divulgado nas redes sociais logo após a Secretaria de Comunicação do país ter emitido um comunicado à imprensa sobre sua participação na reunião com investidores, da qual participaram centenas de pessoas – incluindo muitas mulheres.

As imagens logo viralizaram na internet e geraram uma avalanche de críticas por parte de ativistas, organizações e usuários das redes sociais.

A ativista de direitos humanos Lolo Miño foi uma das mulheres a rechaçar o comentário do presidente equatoriano, questionando ainda sua capacidade de governar. “É uma questão de saber se uma mulher se sente à vontade com os avanços, não se o cara é bonito ou não. Às vezes duvido que ele seja capaz de comandar o país. Vergonha”, afirmou.

Flavia Tello, coordenadora do grupo Task Force Interamericano sobre Liderança das Mulheres, disse ser “inadmissível que agressores sejam vitimados”. “Nem feios nem pobrezinhos. Tampouco se admite culpar as verdadeiras vítimas. Nem provocativas nem histéricas. Estou farta de estereótipos que colocam o foco da violência machista a partir da perspectiva misógina”, escreveu.

Por sua vez, a organização Mujeres por el Cambio afirmou no Facebook: “Não, não, presidente Lenín Moreno, não é que agora tudo pareça assédio às mulheres, é que a homens como você nunca pareceu ruim assediar! Rejeitamos suas declarações violentas.

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