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Presidente da Câmara é novo ‘superministro’ da Economia argentino

Com sua indicação, fundiram-se os ministérios da Economia, para o qual havia sido designada Silvina Batakis em julho, o de Desenvolvimento Produtivo e o de Agricultura, Pecuária e Pesca

Sergio Massa, ao lado do presidente da Argentina, Alberto Fernández. Foto: Juan Mabromata/AFP
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Sergio Massa, presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, foi nomeado novo “superministro” da Economia, com três pastas sob o seu controle, em meio a uma profunda crise política e econômica, informou a Presidência do país sul-americano nesta quinta-feira 28.

Com sua indicação, fundiram-se os ministérios da Economia, para o qual havia sido designada Silvina Batakis no dia 4 de julho, o de Desenvolvimento Produtivo e o de Agricultura, Pecuária e Pesca.

A Argentina registra uma das taxas mais altas de inflação do mundo, com um acumulado de 36,2% para o primeiro semestre deste ano, e a pobreza alcança 37% da população.

Massa, advogado de 50 anos com longa trajetória política, assumirá assim que for “resolvido o seu afastamento de sua bancada” parlamentar, indicou a Presidência em comunicado.

A decisão de colocar Massa à frente dos três ministérios que foram fundidos ocorre no mesmo dia em que Silvina Batakis retorna à Argentina após uma visita a Washington, onde se reuniu com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e outros funcionários de organizações multilaterais.

Hoje mesmo, o presidente Alberto Fernández se reuniu com Silvina, economista com carreira no funcionalismo público, e Daniel Scioli, ex-embaixador no Brasil e designado recentemente ministro de Desenvolvimento Produtivo. Silvina ocupará a partir de agora a presidência do Banco Nación, enquanto Scioli retornará à embaixada do Brasil, segundo a Presidência.

Ajuste e crise cambial

A Argentina está comprometida com um ajuste fiscal acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), dentro de um programa de crédito de 44 bilhões de dólares firmado no começo do ano para reestruturar uma dívida que o país contraiu com a organização em 2018.

O acordo, que foi ratificado pelo Congresso, contempla uma redução do déficit das contas públicas de 3% em 2021 para 2,5% este ano, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024. Contudo, a disciplina fiscal tem um peso maior sobre os setores mais pobres, que veem suas poucas receitas corroídas pela inflação galopante.

Nesta quinta-feira, milhares de pessoas marcharam até os portões da Casa Rosada, sede da Presidência, para reivindicar um “salário universal” equivalente a duas cestas básicas de alimentos para um adulto, cerca de 67.000 pesos (US$ 490 no câmbio oficial), para todas as pessoas de baixa renda. “A pobreza tomou conta do país”, declarou Mónica Sulle, dirigente do movimento Teresa Vive, durante a manifestação.

As organizações sociais, que reúnem desempregados e trabalhadores informais, sempre estiveram próximas da coalizão governista Frente de Todos (centro-esquerda). No entanto, com o agravamento da situação econômica e social, elas se mostram cada vez mais descontentes com o governo.

Além disso, o país vivencia uma grave crise cambial, com uma enorme diferença entre a cotação oficial do dólar, de aproximadamente 137 pesos, e a paralela – conhecida como “blue” -, que chega a superar 300 pesos no mercado informal.

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