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Presidente da BBC deixa o cargo por polêmica sobre empréstimo a Boris Johnson

Sharp foi nomeado pouco depois da concessão do empréstimo para comandar a corporação pública de rádio e televisão

Richard Sharp, agora ex-presidente da BBC. Foto: PRU / AFP
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O presidente da BBC, Richard Sharp, anunciou nesta sexta-feira 28 sua renúncia, depois de ficar encurralado por um conflito de interesses a respeito de sua nomeação para o cargo.

Um relatório publicado nesta sexta-feira afirma que Sharp, um ex-executivo do setor bancário que assumiu o comando da BBC em 2021, violou as regras ao não relatar que havia auxiliado o então primeiro-ministro Boris Johnson a obter um empréstimo de 800.000 libras (996.000 dólares, quase cinco milhões de reais).

Sharp foi nomeado pouco depois da concessão do empréstimo para comandar a corporação pública de rádio e televisão.

O relatório “conclui que violei o código de governança para nomeações públicas”, mas que esta violação “não invalida necessariamente a nomeação”, explicou Sharp no comunicado em que informa a renúncia.

Sharp admite a violação das regras de conflito de interesses para altos funcionários do Reino Unido, mas afirma que foi algo “inadvertido e não material” para sua nomeação para a BBC.

“Eu decidi, no entanto, que o correto é priorizar os interesses da BBC“, destacou no comunicado, ao confirmar que deixará o cargo no final de junho para que o grupo tenha tempo de encontrar um novo presidente.

“Eu sinto que esta questão pode muito ser uma distração para o bom trabalho da corporação caso eu permaneça no cargo até o final do meu mandato”.

A ministra da Cultura, Lucy Fraser, afirmou “entender e respeitar” a decisão. Ela agradeceu a Sharp por seu trabalho como presidente da BBC.

Ao mesmo tempo, o ex-jogador de futebol e apresentador Gary Lineker, que recentemente protagonizou uma grande polêmica após ser suspenso pela corporação por ter comparado a retórica do governo britânico com a da década de 1930, considerou que o presidente da BBC não deveria ser escolhido pelo governo.

“Nem agora, nem nunca”, escreveu no Twitter.

A instituição inevitável do cenário audiovisual britânico completou 100 anos em outubro de 2022, afetada pela concorrência das plataformas de streaming e assinatura, além das ameaças ao seu financiamento público.

A BBC também foi criticada nos últimos anos pelos conservadores, que governam o país, que acusam o grupo de fazer uma cobertura tendenciosa – especialmente do Brexit – e de priorizar as preocupações das elites urbanas, em vez das preocupações das classes populares.

No início de 2022, o governo britânico – então liderada por Boris Johnson – congelou por dois anos o imposto anual de 159 libras esterlinas (199 dólares) que financia a BBC. O Executivo citou a inflação, que prejudicava as rendas das famílias.

O governo também mencionou a possibilidade de eventualmente suprimir a taxa, uma ameaça que gera polêmica até mesmo entre os conservadores.

Sob grande pressão orçamentária, o grupo anunciou em maio um plano para economizar 500 milhões de libras (647 milhões de dólares) por ano.

A BBC deve cortar quase mil postos de trabalho (de 22.000), emissoras entrarão em processo de fusão e outras serão exclusivamente online.

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