Mundo
Presidente da Argentina denuncia atentado a monumento que homenageia Néstor Kirchner
Alberto Fernández repudiou clima de ‘ódio’ e relembrou tentativa de homicídio contra Cristina Kirchner
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, repudiou a ocorrência de um atentado a um monumento de homenagem ao ex-presidente Nestor Kirchner, que governou o país entre 2003 e 2007 e falecido em 2010.
A obra se encontra na entrada da cidade de Vedia, na província de Buenos Aires.
Em postagem no Twitter, Fernández publicou fotos do monumento com marcas de pelo menos quatro baleamentos. O mandatário mencionou a tentativa de homicídio à vice-presidente e viúva de Néstor, Cristina Kirchner, há duas semanas, e repudiou o clima de “ódio” no país.
“A menos de duas semanas do atentado a Cristina Kirchner, assim amanheceu hoje o monumento a Néstor Kirchner, localizado na Rota 7”, escreveu. “Vamos banir o ódio na Argentina. Com a força da democracia e a coragem das convicções, dizemos Nunca Mais à violência em nosso país.”
O governo não informou se os responsáveis foram localizados. Um órgão local do Partido Justicialista, presidido por Fernández, exigiu a apuração dos fatos nas redes sociais.
A menos de 2 semanas del atentado a @CFKArgentina, así amaneció hoy el monumento a Néstor Kirchner emplazado en Ruta 7.
Desterremos el odio en Argentina. Con la fuerza de la democracia y el coraje de las convicciones, decimos Nunca Más a la violencia en nuestra patria. pic.twitter.com/MFHgzsd0mQ
— Alberto Fernández (@alferdez) September 12, 2022
O governo Fernández enfrenta uma crise de popularidade por conta do aumento da inflação, cenário aproveitado por líderes da extrema-direita e opositores ao governo para desgastar o kirchnerismo até a eleição do ano que vem.
A tensão subiu após Cristina Kirchner ter se tornado alvo de um processo que a aponta como líder de uma associação criminosa que teria desviado dinheiro de obras públicas. Um procurador pediu 12 anos de prisão contra ela.
A vice-presidente nega as acusações e compara o processo à Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à prisão de forma injusta.
Após o atentado contra Cristina em 1º de setembro, uma grande mobilização social se formou à sua volta. Foram detidos o autor do crime, o brasileiro Fernando Montiel, e a sua namorada Brenda Uliarte.
Nesta segunda-feira 12, Cristina fez a sua primeira postagem virtual depois do atentado, em um tom crítico ao jornal Clarín, que publicou um editorial chamado A bala que não saiu e a decisão que sairá.
No texto, o editor Pablo Vaca escreveu que o discurso de ódio relatado pelo governo “funciona como um guarda-chuva contra uma possível condenação por corrupção da vice-presidente”. Ele lembra que a sentença do processo que envolve Cristina está se aproximando e destaca que a sua defesa à Justiça deve ocorrer em uma semana.
Embora a postagem de Cristina não tenha nenhuma legenda, fica sugerido o tom crítico devido ao histórico de conflito entre a ex-presidente e o veículo jornalístico. Além disso, um de seus ministros, Andrés Larroque, divulgou o mesmo editorial e o classificou como “obsessão”.
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