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Presidente chileno levanta estado de emergência

Sebastián Piñera anunciou fim da medida para meia-noite deste domingo 27, mas protestos continuam pelo país

Manifestação em Valparaíso, no Chile, em 27 de outubro de 2019. Foto: Raul Goycoolea/AFP
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O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou que irá levantar à meia-noite deste domingo 27 o estado de emergência que motivou a ida de milhares de militares para as ruas. Contudo, as manifestações populares se mantêm, à espera de anúncios do governo em resposta à explosão social, que já deixou 20 mortos.

Na sexta-feira 25, um protesto em Santiago reuniu mais de 1 milhão de pessoas.

Milhares de chilenos marcharam neste domingo até a sede do Congresso Nacional, em Valparaíso (a 120km da capital Santiago), na maior manifestação em décadas naquela região.

Os participantes tomaram a avenida Espanha, que liga as cidades de Viña del Mar e Valparaíso, agitando bandeiras chilenas e exigindo mudanças profundas no modelo econômico do país.

 

“A fortaleza do movimento social que tomou as ruas foi sua transversalidade e seu caráter pacífico e construtivo. Nosso chamado é que, em Valparaíso, continue sendo assim. Hoje mais do que nunca, ante o fracasso da estratégia de segurança do governo que não evita saques e incêndios”, disse o prefeito Jorge Sharp.

Em Santiago, mil ciclistas se reuniram em protesto contra Piñera em frente à casa de governo. Já no parque O’Higgins de Santiago, cerca de 15 mil pessoas se concentraram em um ato chamado “O direito de viver em paz”.

Aguardando anúncios

A pressão se mantém sobre o presidente para que ele concretize a mudança de gabinete anunciada ontem, além de medidas que complementem o pacote divulgado na última semana. Para muitos chilenos, contudo, as ações do governo são insuficientes.

Ao menos cinco mortes foram causadas por agentes do Estado. Há também diversas denúncias de abusos contra manifestantes e esperam-se missões de verificação do escritório de direitos humanos das Nações Unidas e da Anistia Internacional.

Enquanto tenta responder aos protestos, o presidente enfrenta grande impopularidade. Piñera tem a aprovação de apenas 14% da população, frente a 29% da semana anterior à crise. Os dados da consultoria Cadem foram publicados neste domingo pelo jornal La Tercera.

A pesquisa coloca Piñera com o pior índice de aprovação de um presidente desde o retorno do Chile à democracia há três décadas. O resultado é pior do que os 18% de aprovação alcançados pela ex-presidente Michelle Bachelet em março de 2016, após a revelação de um caso de corrupção envolvendo o seu filho.

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