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Presidente argentino acusa o Supremo de manipular eleições nas províncias
A decisão judicial, com alto impacto político, foi tomada a cinco dias da votação
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, acusou nesta quarta-feira 10 a Suprema Corte do país de manipular os prazos eleitorais, depois de o tribunal suspender as eleições em duas províncias onde se projetava a vitória da situação, em uma escalada do conflito entre os poderes Executivo e Judiciário.
“A Corte Suprema da Argentina demonstrou mais uma vez que é capaz de adequar suas decisões às necessidades políticas da oposição e, assim, mais uma vez, deixou em evidência o seu caráter antidemocrático”, disse Fernández em rede nacional.
Na terça-feira, o Supremo argentino decidiu a favor de uma medida cautelar apresentada por partidos locais vinculados ao opositor Juntos pela Mudança opondo-se aos candidatos a governador e a vice nas províncias de San Juan (oeste) e Tucumán (norte) porque eles haviam exercido os cargos em outros mandatos.
A decisão, que teve alto impacto político, foi tomada a cinco dias das eleições, que deveriam ser realizadas no domingo. O pleito presidencial ocorrerá em 23 de outubro.
A decisão foi informada no mesmo dia em que se realizava no Congresso uma nova audiência no processo de julgamento político dos quatro juízes da corte, impulsionado pelo governo e no qual o ex-chefe administrativo do tribunal evocou supostos atos de corrupção, combinação de sentenças e desvios de recursos públicos.
Fernández anunciou que a suspensão das eleições “se somará às ações de julgamento político” contra a corte.
O conflito entre poderes também ocorre em um momento em que estão em andamento julgamentos por suspeita de corrupção contra dirigentes da situação peronista, entre eles a ex-presidenta e hoje vice-presidenta Cristina Kirchner.
Segundo Fernández, os membros da Corte “se tornaram o braço operacional da oposição e dos grupos concentrados de poder econômico e midiático” e os acusou de responder ao ex-presidente e líder do Juntos pela Mudança Mauricio Macri.
A dirigente e pré-candidata à Presidência pela coalizão Patricia Bullrich chegou a comemorar a decisão do Supremo em um tweet: “freamos as reeleições deles”.
Tanto Macri quanto Bullrich haviam definido as províncias de San Juan e Tucumán como “redutos” do peronismo no poder.
O governo impulsionou uma reforma do Judiciário por meio de leis que ainda devem ser analisadas no Congresso e que incluem a ampliação da Corte, que atualmente tem quatro juízes, depois de uma magistrada, já aposentada, não ser substituída.
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