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Premiê da Ucrânia elogia empenho de Lula pela paz, mas questiona ‘realidade prática’ do plano do petista

De acordo com Denys Shmyhal, linha de pacto oferecido pelo brasileiro ainda estaria distante do que a Ucrânia vislumbra

Foto: Gina Marques / RFI
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O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, saudou o empenho do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em tentar encontrar caminhos para a paz na Ucrânia. Apesar do elogio, o europeu disse não acreditar na ‘realidade prática’ do plano do petista.

“Agradecemos aos esforços do povo brasileiro e do presidente do Brasil no desejo de ajudar o povo ucraniano na sua luta”, disse Shmyhal em entrevista à associação dos jornalistas estrangeiros Stampa Estera, em Roma, nesta quinta-feira 27. O evento foi registrado pela RFI.

Ele ponderou, que a oferta do brasileiro vislumbra ‘um acordo com bandidos’, em referência aos russos.

“Vou citar um simples exemplo. Se o apartamento de vocês [brasileiros] fosse invadido por um bando de bandidos que querem matar vocês e seus filhos, estuprar suas mulheres e tomar a sua casa, vocês assinariam um acordo com esses bandidos? Vocês acham isso realista?”, questionou Shmyhal. “Eu sinceramente não estou esperando a resposta de vocês”.

Ele defendeu que a Ucrânia não abra mão de território aos russos, incluindo a Crimeia. A possibilidade de abrir mão desta região foi sinalizada brevemente por Lula em uma das muitas declarações sobre a guerra enquanto esteve na China e na Europa. Para Shmyhal, é preciso que a Rússia deixe integralmente o território ucraniano antes do início de qualquer negociação.

“Antes de mais nada, esses bandidos têm que sair da casa de vocês. Depois talvez se pudesse discutir com eles os princípios da convivência pacífica, mas não no meu território”, defendeu.

Conforme explicou, este seria o ‘caminho bem traçado em direção à paz’ defendido pelos ucranianos.

“Temos nosso próprio caminho para a paz, a fórmula Zelensky. Sabemos muito bem o que é a libertação da Ucrânia. Todos os territórios dentro das fronteiras de 1991 devem ser livres. A segurança deve ser garantida pelas estruturas internacionais. Só assim teremos a certeza de uma paz estável, justa e duradoura.”

Lula, por sua vez, na sua última entrevista na Europa, disse não saber exatamente qual proposta seria a ideal para encerrar o conflito. Reconheceu, porém, que é preciso que a Rússia seja convencida a ‘parar de atirar’ antes do início das conversas e que os dois lados dialoguem para encontrar possíveis concessões a serem feitas.

O caminho ofertado pelo brasileiro inicia com a criação de um ‘clube da paz’. A intenção primeira é reunir Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Turquia e União Europeia no grupo. Representantes da Ucrânia e da Rússia também estariam na mesa vislumbrada pelo brasileiro.

O plano, em partes, já foi elogiado por representantes de Vladimir Putin. A ideia também foi recebida com bons olhos pela China. A Ucrânia e seus aliados, porém, ainda não se mostraram partidários do pacto ofertado pelo brasileiro.

(Com informações de RFI)

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