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Prefeitura de Buenos Aires instala lixeiras consideradas higienistas

Os objetos só abrem com cartão magnético para evitar que pessoas em situação de rua e catadores mexam nos resíduos

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Imagina você parar em frente a uma lixeira e ela abrir apenas com um cartão magnético? Meio Black Mirror não? Pois é o que está acontecendo em Buenos Aires, capital da Argentina. O prefeito Horacio Rodríguez Larreta, do mesmo partido do presidente Maurício Macri, está instalando na cidade grandes recipientes que só abrem com cartões que são dados apenas aos lixeiras da cidade e  moradores da região.

Já foram instaladas 18 máquinas próximas ao Obelisco. Segundo informou a Prefeitura, a ideia é que os lixos recicláveis possam ser conservados e entregues aos lixeiros “oficiais”. Já o ministro do Espaço Público da Cidade, Eduardo Macchiavelli, foi mais polêmico: “Isso é para evitar que as pessoas entrem e tirem lixo. Vai melhorar muito a limpeza da cidade”, afirmou.

Alguns coletivos argentinos acusam o prefeito de fazer uma higienização por conta do aumento da pobreza, principalmente nos pontos turístico da cidade. “São contêineres antipobres para evitar que os mais necessitados os abrissem e tirassem lixo para se alimentar”, diz um comunicado do coletivo Passarinhos.

Integrante do coletivo, Isabela Gaia disse a CartaCapital que a intenção do prefeito é  impedir que pessoas esfomeadas e recicladores de lixo tenham acesso aos resíduos. “É gente ruim governando essa América Latina inteira.”

Veja como funciona a lixeira

No inicio do mês, o Indec, o IBGE argentino, divulgou os números oficiais da pobreza, que cresceu quase 6 pontos percentuais em um ano. Hoje, 32% da população está abaixo da linha de pobreza, e 6,7% são considerados indigentes. A inflação acumulada de 2018 foi de 47,6% — e continua assustando neste ano. Foi de 2,9% em janeiro a 3,5% em fevereiro. Os economistas preveem que o índice de março se apresente em torno de 4%.

Com a pobreza, aumentou também a desigualdade — 10% dos lares mais ricos ganham 20 vezes mais que os 10% mais pobres. Uma brecha que aumentou em 3 pontos percentuais em relação a 2018.

A empresa responsável pela instalação das lixeiras compartilhou o momento da inauguração pelo Twitter

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