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Posts contra Bolsonaro levam justiça alemã a adiar julgamento do caso Madeleine

A defesa do acusado Christian Bruckner questionou a parcialidade de uma das juradas por ter feito publicações pedindo a morte do ex-presidente brasileiro

Créditos: Julian Stratenschulte / POOL / AFP
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A Justiça alemã decidiu adiar, nesta sexta-feira 16, o início do julgamento de Christian Bruckner, o principal suspeito pelo desaparecimento de Madeleine McCann. A sessão será retomada na próxima sexta-feira 23.

O adiamento do julgamento aconteceu depois que a defesa do suspeito questionou a parcialidade de uma das juradas para atuar no caso, por ter feito publicações a respeito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Antes que a juíza Dra. Uta Engemann desse início aos trabalhos , o advogado de defesa Dr. Friedrich Fülscher fez o primeiro pedido para considerar a jurada Britta T. D. parcial. Isso porque, em 2019, a mulher publicou no X, antigo Twitter, insultos contra o político brasileiro e chegou a pedir a morte dele. “Matem esse demônio” e “Esse cretino deve ser destruído”.

A equipe jurídica alegou que a mulher não tinha condições para servir como jurada, uma vez que as suas opiniões não são compatíveis com a Lei Fundamental da Alemanha.

Após uma pausa na sessão, o tribunal concordou que não podem ser toleradas “declarações fora do sistema legal” ou “pedidos de homicídio” e decidiu que a sessão seria adiada. A jurada será retirada do caso e terá de ser substituída, segundo o jornal alemão Bild.

“Não toleramos declarações fora do ordenamento jurídico, pedidos de homicídio e homicídio culposo, tal pessoa não pode ser juíza honorária”, disse o promotor público Ute Lindemanna ao jornal alemão.

Entenda o caso

Maddie desapareceu em 2007, pouco antes de completar quatro anos, na Praia da Luz, turística localidade do Algarve, extremo-sul de Portugal.

Brückner não foi formalmente acusado do desaparecimento da menina, mas foi a investigação do caso que o levou ao julgamento por crimes sexuais.

O acusado cumpre atualmente uma pena de sete anos de prisão na Alemanha por estuprar, em 2005, uma americana, então com 72 anos, na Praia da Luz, a mesma localidade onde a família de Madeleine McCann passava férias.

O tribunal de Brunswick examinará várias acusações de crimes sexuais contra ele, entre eles, três estupros.

Suas supostas vítimas foram uma septuagenária, amarrada e espancada em seu apartamento de veraneio; uma menina de 14 anos, que ele amordaçou em um pilar de madeira na casa dela, e uma irlandesa de 20 anos, cuja casa ele invadiu pela varanda.

Também é acusado de abusar sexualmente de uma alemã de 10 anos em uma praia, em abril de 2007, meses antes do desaparecimento de Maddie, e exibicionismo a uma menina portuguesa de 11 anos.

O acusado pode ser condenado a uma pena de até 15 anos de prisão. Se não for declarado culpado, pode ser solto em 2026, segundo Wolters.

Maddie desapareceu do quarto do complexo turístico onde sua família passava as férias enquanto seus pais jantavam nas proximidades.

O seu desaparecimento desencadeou uma intensa campanha internacional para encontrá-la. As fotos da menina, com os cabelos castanhos cortados na altura dos ombros e os grandes olhos claros, correram o mundo.

As suspeitas contra Christian B., anunciadas oficialmente há quase quatro anos, reavivaram a esperança dos seus pais, Gerry e Kate, de finalmente avançarem na investigação.

As investigações arrastaram-se por anos até que as autoridades encontraram este alemão, que vivia a poucos quilômetros do hotel onde estava a família McCann.

Nesta nova fase da investigação, a polícia portuguesa realizou buscas em maio de 2023 perto de um reservatório de água no sul do país.

Novos “elementos” foram encontrados, disse a promotoria de Brunswick, embora “ainda seja muito cedo” para determinar se estão ligados ao desaparecimento da menina.

Os promotores alemães afirmam ter “provas concretas” da morte de Madeleine.

(com informações da AFP)

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