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Portugal quer revogar lei sobre a naturalização de judeus sefarditas

O regime era uma iniciativa de reparação histórica e tinha um caráter excepcional, disse o ministro da Presidência, António Leitão Amaro

Portugal quer revogar lei sobre a naturalização de judeus sefarditas
Portugal quer revogar lei sobre a naturalização de judeus sefarditas
Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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O governo de Portugal anunciou, nesta segunda-feira 23, que deseja revogar a lei que permite aos descendentes de judeus sefarditas, perseguidos e expulsos no final do século XV, solicitar a nacionalidade, considerando que a medida tinha um caráter temporário.

O regime “enquadrava-se em uma iniciativa de reparação histórica e tinha um caráter excepcional”, explicou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, ao fim de uma reunião do governo de direita formado nas eleições do mês passado.

Válido desde 2015, o dispositivo está “esgotado” e “deixará de estar em vigor”, destacou durante uma coletiva de imprensa após o conselho de ministros.

Seus critérios de atribuição foram endurecidos em 2022 após um escândalo sobre possíveis irregularidades na naturalização de descendentes judeus, entre eles o oligarca russo Roman Abramovich.

O caso levou à acusação de vários responsáveis da comunidade judaica, suspeitos de terem emitido certificados falsos de ascendência sefardita.

A revogação da lei faz parte de uma série de medidas que o governo deverá apresentar ao Parlamento no âmbito de um endurecimento da sua política migratória e de naturalização.

O Executivo, que não conta com maioria absoluta parlamentar, prevê assim aumentar a duração mínima de residência em Portugal para que um estrangeiro possa solicitar a nacionalidade. Esta passará de 5 para 7 anos para os cidadãos de países lusófonos e para 10 anos para os demais.

Também quer reforçar os critérios que permitem o reagrupamento familiar dos imigrantes e aumentar os controles fronteiriços com a criação de uma nova unidade especializada dentro da polícia nacional.

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