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Portugal aprova pacote anti-imigração; medida pode afetar diretamente brasileiros

O apoio do Chega, partido de extrema-direita, foi decisivo para o resultado

Portugal aprova pacote anti-imigração; medida pode afetar diretamente brasileiros
Portugal aprova pacote anti-imigração; medida pode afetar diretamente brasileiros
Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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O Parlamento português aprovou nesta quarta-feira 16 um pacote de medidas que pretende endurecer significativamente a política migratória do país. Aprovadas com o apoio da coalizão de direita e do partido de extrema-direita Chega, as novas medidas foram votadas em tempo recorde — apenas 16 dias úteis após sua apresentação — e seguem agora para sanção do presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Os brasileiros, que representam a maior comunidade estrangeira em Portugal, estão entre os principais afetados pelas medidas.

Entre as principais mudanças estão a restrição na concessão de vistos de trabalho, agora limitados a imigrantes altamente qualificados, e o endurecimento das regras para o reagrupamento familiar. Além disso, brasileiros perderão o direito de regularizar sua situação após a chegada ao país, uma possibilidade que existia desde 2018.

Outro ponto polêmico do pacote é a criação de uma nova unidade policial dedicada ao combate à imigração ilegal e à execução de deportações. Já a proposta de restringir o acesso à nacionalidade portuguesa foi adiada, devido a dúvidas sobre sua legalidade.

A tramitação acelerada do projeto gerou críticas da oposição e de entidades da sociedade civil. Durante a votação, dezenas de imigrantes e apoiadores compareceram ao Parlamento vestidos de preto, em protesto silencioso contra as medidas. O deputado socialista Pedro Delgado Alves acusou o governo de “atropelar” o processo legislativo e de se deixar “sequestrar pela extrema-direita”.

Guinada na política migratória portuguesa

O apoio do Chega foi decisivo para a aprovação. Em troca dos 60 votos do partido de extrema-direita, o governo aceitou alterações no texto, como a exigência de comprovação de convivência prévia no exterior para casais em processo de reagrupamento familiar, e a proibição de concessão de vistos a quem já esteve em situação irregular no país.

Desde que assumiu o poder em março de 2024, o governo de Luís Montenegro tem promovido uma guinada na política migratória portuguesa, antes considerada uma das mais abertas da Europa. Segundo dados oficiais, no final de 2024, o país contava com 1,55 milhão de estrangeiros, número quatro vezes maior do que em 2017. Atualmente, este número representa cerca de 15% da população total.

A deputada de extrema-direita Vanessa Barata justificou as mudanças afirmando que “durante anos, o Partido Socialista promoveu uma política de portas abertas, sem critérios”. Já a oposição alerta para os impactos sociais e econômicos das novas regras, especialmente em setores que dependem da mão de obra imigrante.

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