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Porta-aviões se junta à operação dos EUA na América Latina; Venezuela ordena ‘mobilização massiva’
Os EUA têm enviado desde setembro navios de guerra, aviões de caça e milhares de soldados ao Caribe para supostas operações contra o narcotráfico
O maior porta-aviões do mundo foi incorporado nesta terça-feira 11 à operação dos Estados Unidos contra o tráfico de drogas proveniente da América Latina, que a Venezuela insiste ter como objetivo a derrubada do presidente Nicolás Maduro.
A chegada do USS Gerald Ford à região coincidiu com uma nova mobilização militar da Venezuela para responder a “ameaças imperiais” e com a condenação da Rússia aos bombardeios de embarcações que supostamente transportam drogas.
O último ataque foi no último domingo, no Pacífico. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, informou sobre a morte de seis pessoas a bordo de duas embarcações.
Já são 20 embarcações bombardeadas, com pelo menos 76 mortos.
Os Estados Unidos têm enviado desde setembro navios de guerra, aviões de caça e milhares de soldados ao Caribe para essas operações contra o narcotráfico, supostamente procedente da Venezuela e da Colômbia.
O Comando Sul das Forças Navais dos Estados Unidos afirmou, em um comunicado, que o USS Gerald Ford, cujo envio foi ordenado há quase três semanas, entrou em sua zona de responsabilidade, que abrange a América Latina e o Caribe.
“Reforçará a capacidade dos Estados Unidos para detectar, vigiar e desarticular os atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território americano e nossa segurança no hemisfério ocidental”, afirmou o porta-voz chefe do Pentágono, Sean Parnell.
Os Estados Unidos ainda não apresentaram provas de que as embarcações foram utilizadas para o tráfico de drogas ou representavam uma ameaça ao país.
O canal CNN informou que o Reino Unido não compartilhará informações de inteligência com os Estados Unidos sobre embarcações suspeitas de narcotráfico para não se tornar cúmplice desses bombardeios que, segundo as fontes consultadas, são ilegais. Trata-se de uma ruptura crucial entre dois importantes aliados.
A Rússia — rival do Ocidente e aliada-chave de Maduro — qualificou os bombardeios como “inaceitáveis”.
“É assim que, em geral, agem os países sem lei, aqueles que se consideram acima da lei”, disse na televisão o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que classificou como “pretexto” a luta contra as drogas que os Estados Unidos alegam para justificar esses ataques.
“Mobilização massiva”
A Venezuela ativou, na madrugada desta terça-feira 11, novos exercícios militares em todo o país para responder ao que considera “ameaças imperiais” dos Estados Unidos.
O Ministério da Defesa informou sobre a “mobilização massiva de meios terrestres, aéreos, navais, fluviais e de mísseis”.
A televisão estatal VTV mostrou a mobilização de soldados armados com fuzis.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, disse que 200.000 homens participaram do exercício, embora em cidades como Caracas não tenha sido vista mobilização militar.
“A Venezuela deve saber que tem uma Venezuela resguardada, protegida, defendida”, disse Padrino, que chamou de “mercenários” os militares americanos.
“Estão assassinando gente indefesa, sejam ou não narcotraficantes, justiçando sem o devido processo”, condenou.
Maduro advertiu na segunda-feira que sua estrutura possui “força e poder” para responder aos Estados Unidos.
Ele convocou o alistamento na Milícia Bolivariana, um corpo das Forças Armadas composto por civis e com uma altíssima carga ideológica.
“Se o imperialismo tentasse um golpe e causasse danos, a partir do momento em que a ordem para as operações fosse decretada, teríamos mobilização e combate por parte de todo o povo da Venezuela”, disse.
A administração do presidente Donald Trump acusa Maduro de liderar um cartel do narcotráfico e inclusive autorizou operações da CIA na Venezuela.
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