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População toma ruas de Barcelona após condenação de independentistas

Líderes foram condenados a penas que variam entre 9 e 13 anos pela tentativa frustrada de secessão em 2017

Manifestantes enfrentam a polícia em Barcelona durante protestos provocados pela condenação de líderes independentistas - Foto: Pau Barrena/AFPSE
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Manifestantes tomaram conta das ruas de Barcelona após nove líderes independentistas catalães serem condenados nesta segunda-feira 14 a penas que variam entre 9 e 13 anos de prisão pela tentativa frustrada de secessão em 2017. A sentença volta a colocar a questão da Catalunha no centro do debate político, a menos de um mês de novas eleições legislativas, em 10 de novembro.

Os protestos começaram poucos minutos após o anúncio da sentença. Milhares de pessoas se reuniram na praça Catalunha, no centro de Barcelona, com bandeiras nas quais era possível ler mensagens como “liberdade para os presos políticos”.

Muitos manifestantes seguiram para o aeroporto da capital catalã. As estradas que levam até o local ficaram bloqueadas, mas nenhum voo chegou a ser cancelado. A tensão já era palpável desde a madrugada. Prevendo protestos, as autoridades enviaram furgões da polícia para proteger possíveis alvos dos manifestantes, como estações de trens e prédios públicos.

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Pior crise desde o fim da ditadura de Francisco Franco

Os 12 independentistas foram julgados pela organização, em 1° de outubro de 2017, de um referendo de autodeterminação considerado ilegal pela justiça espanhola. O episódio foi marcado por imagens de violência policial, e pela proclamação no dia 27 do mesmo mês pelo Parlamento regional de uma “República catalã”, algo que nunca se concretizou.

A Promotoria não hesitou em classificar os fatos de 2017 de “golpe de Estado” em meio a um “clima insurrecional”. A defesa negou a violência durante o referendo, atribuiu os abusos à polícia.

A tentativa de secessão de Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes, é vista como a pior crise política na Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975.

Puigdemont ausente

O ex-vice-presidente regional catalão Oriol Junqueras recebeu uma pena de 13 anos de prisão, a maior sentença contra os 12 separatistas processados pelo Tribunal Supremo, o principal tribunal do país. Junqueras afirmou em uma carta que o movimento voltará mais forte.

Outros oito independentistas, alguns deles detidos há quase dois anos, receberam penas de 9 a 12 anos de prisão por sedição e, em alguns casos, por fraude. Os condenados são a ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell, o ex-presidente e presidente das influentes associações independentistas ANC e Omnium Cultural, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, respectivamente, e cinco ex-ministros regionais.

O julgamento foi realizado na ausência do ex-presidente catalão Carles Puigdemont, foragido da justiça espanhola na Bélgica desde 2017 e alvo de uma ordem de prisão na Espanha. Após a divulgação da sentença, a justiça espanhola também emitiu, nesta segunda-feira, um novo mandado de prisão internacional contra Puigdemont.

O ex-presidente catalão reagiu às sentenças. “Cem anos de prisão no total. Uma barbaridade. Agora mais do que nunca, ao lado de vocês de suas famílias. Temos que reagir, como nunca”, tuitou Puigdemont.

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