Mundo
Polônia e Belarus proíbem acesso da ONU à fronteira por crise de migrantes
Os países ocidentais acusam Belarus de orquestrar o fluxo de migrantes na fronteira da UE como represália pelas sanções impostas pelo bloco


A ONU afirmou nesta terça-feira (21) que Polônia e Belarus negaram acesso à fronteira entre os dois países, onde a organização pretendia investigar a crise migratória.
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Liz Throssell, explicou que uma equipe viajou à Polônia, mas “sem ter autorização de acesso à zona de fronteira”, enquanto Belarus bloqueou o acesso a todo seu território.
“Pedimos às autoridades dos dois países que autorizem de forma imediata o acesso às zonas de fronteira aos representantes humanitários e dos direitos humanos, aos jornalistas, aos advogados e representantes da sociedade civil”, acrescentou.
O Alto Comissariado também pediu a Belarus e Polônia uma solução urgente para a situação desesperada dos migrantes e refugiados na fronteira.
Entre 29 de novembro e 3 de dezembro, uma equipe do Alto Comissariado viajou à Polônia, sem conseguir se aproximar da fronteira e seu trabalho foi reduzido a reuniões com representantes do governo e da sociedade civil, além de entrevistas com 31 migrantes que chegaram ao país entre agosto e novembro.
“As pessoas entrevistadas descreveram condições desastrosas dos dois lados da fronteira, sem acesso ou com acesso limitado a comida, água potável e abrigo”, disse Throssell.
A porta-voz acrescentou que muitos afirmaram que foram agredidos pelas forças de segurança em Belarus e que os agentes os obrigaram a atravessar a fronteira, com instruções sobre onde e quando passar, e que foram impedidos de retornar a Minsk.
O Alto Comissariado pediu a Belarus que investigue as acusações e que “acabe de forma imediata com as práticas”. Ao mesmo tempo, o organismo pediu a Polônia que pare de enviar os migrantes a Belarus sem examinar cada caso de forma individual.
Os países ocidentais acusam Belarus de orquestrar o fluxo de migrantes na fronteira da UE como represália pelas sanções impostas após as eleições questionadas de 2020.
Minsk nega as acusações e afirma que Varsóvia devolve de forma violenta os migrantes que conseguem entrar em seu território.
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