Mundo
Polônia afirma que míssil que caiu em seu território era provavelmente ucraniano
O presidente polonês, Andrzej Duda, reduziu os temores internacionais de uma nova escalada na guerra da Ucrânia
A Polônia afirmou nesta quarta-feira 16 que o míssil que caiu em seu território perto da fronteira com a Ucrânia e matou duas pessoas provavelmente foi lançado pela defesa aérea de Kiev para tentar contra-atacar as ações da Rússia.
O presidente polonês, Andrzej Duda, reduziu os temores internacionais de uma nova escalada na guerra da Ucrânia ao afirmar que “absolutamente nada indica que foi um ataque intencional contra a Polônia” e é “muito provável” que tenha sido um míssil ucraniano.
No mesmo sentido, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, disse que não há elementos que indiquem um “ataque deliberado”, depois que a Rússia negou qualquer responsabilidade no incidente.
O míssil, que caiu na terça-feira em uma instalação de secagem de cereais, deixou a cidade de Przewodow em estado de choque e provocou o temor internacional de uma possível escalada do conflito.
A pedido da Polônia, a Otan convocou uma reunião de emergência para esta quarta-feira.
No final do encontro, Stoltenberg disse que o impacto foi “provavelmente provocado por um míssil do sistema ucraniano de defesa antiaérea para defender o país de mísseis russos”, mas reiterou que a “Rússia carrega, em última análise, a responsabilidade, pois continua sua guerra ilegal contra a Ucrânia”.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também afirmou que era “pouco provável” que o míssil tenha partido da Rússia, enquanto o Kremlin declarou que não tem “nada a ver” com o ocorrido.
“Os destroços encontrados na Polônia foram identificados de forma categórica por especialistas russos (…) como elementos de um míssil guiado antiaéreo de sistemas de defesa antiaérea S-300 das Forças Armadas ucranianas”, afirmou o ministério da Defesa russo em um comunicado.
“Os ataques de alta precisão foram executados na Ucrânia a uma distância superior a 35 km da fronteira Polônia-Ucrânia”, acrescenta a nota.
Inicialmente, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, havia descartado como “teoria da conspiração” a ideia de que poderia ser um míssil ucraniano.
O impacto do míssil aconteceu na localidade de Przewodow durante a tarde de terça-feira e matou dois trabalhadores agrícolas.
“Tenho medo. Não dormi a noite toda”, disse Anna Magus, 60 anos, professora de uma escola do ensino básico da cidade. “Espero que tenha sido um míssil perdido, porque em caso contrário estamos indefesos”, acrescentou.
A polícia isolou o local da explosão.
G20 pede calma
Em Bali (Indonésia), onde aconteceu a reunião de cúpula do G20, os líderes ocidentais afirmaram que ninguém deveria fazer análises precipitadas. A China pediu “calma e moderação, enquanto o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, fez um alerta sobre o perigo de “conclusões apressadas”.
Em um discurso por videoconferência, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou inicialmente que o ataque à Polônia era “uma mensagem da Rússia à reunião de cúpula do G20”.
A Polônia organizou na terça-feira uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional e convocou o embaixador de Moscou para apresentar “explicações detalhadas imediatas”.
O governo também aumentou o “status de preparação de algumas unidades de combate e outros serviços”.
Compromisso da Otan
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e ocupa partes do território do país vizinho, apesar de uma série de derrotas nos últimos meses.
A Polônia, que compartilha uma fronteira de 530 quilômetros com a Ucrânia, assumiu a liderança regional ao fornecer ajuda militar e humanitária ao vizinho do leste e anunciar sanções contra a Rússia.
O conflito provoca um profundo mal-estar na Polônia, onde a recordação do domínio soviético está muito presente.
A Polônia está protegida pelo compromisso de defesa coletiva da Otan, consagrado no artigo 5 de seu tratado de fundação, mas as respostas da Aliança depende das conclusões da origem do incidente.
A explosão aconteceu depois de um grande ataque de mísseis russos na terça-feira contra cidades de toda Ucrânia, incluindo Lviv, perto da fronteira com a Polônia.
Zelensky disse que os ataques cortaram o fornecimento de energia elétrica das casas de quase 10 milhões de pessoas, mas poucas horas depois anunciou o restabelecimento do serviço para oito milhões. Também provocou a interrupção automática em duas centrais nucleares.
A próxima semana será “difícil” para os moradores da região de Kiev, advertiu o governador Oleksiy Kuleba.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.