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Política imposta à Grécia é equivocada, defende conselheiro alemão

Peter Bofinger, do Conselho Alemão de Especialistas em Economia, diz que medidas de austeriadade impostas s gregos só acelerarão a queda livre da economia e reponsabiliza parcialmente Merkel por ter disseminado a crise pelo bloco

De acordo com conselheiro econômico, austeridade da chanceler alemã é uma das causas da crise europeia. Foto: Michael Kappeler / DPA / AFP
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Em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o economista alemão Peter Bofinger defende que a Grécia precisa de mais tempo, mais dinheiro e menos austeridade para não quebrar e atribui à chanceler alemã, Angela Merkel, uma parte da responsabilidade pelo alastramento da crise pela Europa.

Bofinger integra e é voz dissonante do Conselho Alemão de Especialistas em Economia -chamados de “Os Cinco Sábios”-, órgão independente que assessora o governo federal em matéria de política econômica.

Para ele, as projeções foram muito ambiciosas e, portanto, equivocadas. Bofinger diz que, em primeiro lugar, pensou-se que ao se criar um sistema de impostos mais eficiente se poderia mudar uma economia dentro de um ou dois anos. “Mas isso não é algo que se consiga da noite do dia, pois estão lidando com pessoas reais”, diz.

Além disso, o FMI não mensurou devidamente o impacto das medidas de austeridade no crescimento grego. Com isso, as estimativas de crescimento para 2011 e 2012 foram superestimadas.

“A situação foi pior que o esperado, o deficit foi mais alto que o esperado, e então uma nova rodada de medidas veio, e a situação piorou ainda mais. Até chegar ao ponto de a economia grega estar em queda livre. E pedir que adotem mais medidas de austeridade e demitam tantos funcionários públicos não é algo que vá parar essa queda livre; ao contrário, irá acelerá-la”, argumenta Bofinger.

Solução


O economista defende que as contrapartidas que a União Europeia exigia do governo grego em troca dos pacotes de resgate econômico deveriam ter se concentrado em itens sobre os quais o governo poderia ter mais controle, como cortes de gastos em administração pública, salários, investimentos, defesa.

“O problema agora é que o sistema está em tamanho desarranjo, que é difícil encontrar uma solução. É uma implosão econômica o que está acontecendo na Grécia. O cabeleireiro não consegue ir ao restaurante, e o garçom não consegue ir ao cabeleireiro”, afirma.

Segundo ele, entre as maiores falhas das medidas adotadas até agora está a falta de transparência. “Você alguma vez viu uma lista do que eles tinham de cumprir, do que fizeram e do que não fizeram? Isso é muito importante, mas não é discutido publicamente”.

Expulsão da Grécia


Bofering ainda defende que não há como a UE permitir que a Grécia ‘quebre’, caso contrário, a Grécia seria um vizinho ‘problema’ para o continente. “Não há alternativa senão manter a ordem na Grécia. E dar a ela dinheiro, mesmo se abandonar o euro e se tornar insolvente. É parte da nossa família. Não podemos construir um muro em volta deles e deixar que morram de fome”.

A culpa de Merkel


“Creio que ela tem responsabilidade pelo agravamento da crise, pelo fato de que uma crise que antes era limitada a determinados países ter se espalhado por toda a Europa”, avalia Bofering.

Na opinião do economista, a abordagem correta para a Grécia deveria ter sido: “Vamos encontrar medidas realistas que vocês podem adotar e controlar para sanar suas finanças. As medidas podem ser dolorosas também, mas façam uma lista. E se vocês cumprirem os compromissos dessa lista, lhes daremos dinheiro, e salvaguarda a seus credores”.

Segundo ele, o povo alemão quer saber se os gregos realmente estão fazendo bom uso do dinheiro alemão para siar da crise. “O que deveria ter sido feito é explicar para o público alemão desde o início o que está em jogo e, com aquela lista na mão, dizer: ‘Viu, eles estão cumprindo o prometido’”, conclui.

Em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o economista alemão Peter Bofinger defende que a Grécia precisa de mais tempo, mais dinheiro e menos austeridade para não quebrar e atribui à chanceler alemã, Angela Merkel, uma parte da responsabilidade pelo alastramento da crise pela Europa.

Bofinger integra e é voz dissonante do Conselho Alemão de Especialistas em Economia -chamados de “Os Cinco Sábios”-, órgão independente que assessora o governo federal em matéria de política econômica.

Para ele, as projeções foram muito ambiciosas e, portanto, equivocadas. Bofinger diz que, em primeiro lugar, pensou-se que ao se criar um sistema de impostos mais eficiente se poderia mudar uma economia dentro de um ou dois anos. “Mas isso não é algo que se consiga da noite do dia, pois estão lidando com pessoas reais”, diz.

Além disso, o FMI não mensurou devidamente o impacto das medidas de austeridade no crescimento grego. Com isso, as estimativas de crescimento para 2011 e 2012 foram superestimadas.

“A situação foi pior que o esperado, o deficit foi mais alto que o esperado, e então uma nova rodada de medidas veio, e a situação piorou ainda mais. Até chegar ao ponto de a economia grega estar em queda livre. E pedir que adotem mais medidas de austeridade e demitam tantos funcionários públicos não é algo que vá parar essa queda livre; ao contrário, irá acelerá-la”, argumenta Bofinger.

Solução


O economista defende que as contrapartidas que a União Europeia exigia do governo grego em troca dos pacotes de resgate econômico deveriam ter se concentrado em itens sobre os quais o governo poderia ter mais controle, como cortes de gastos em administração pública, salários, investimentos, defesa.

“O problema agora é que o sistema está em tamanho desarranjo, que é difícil encontrar uma solução. É uma implosão econômica o que está acontecendo na Grécia. O cabeleireiro não consegue ir ao restaurante, e o garçom não consegue ir ao cabeleireiro”, afirma.

Segundo ele, entre as maiores falhas das medidas adotadas até agora está a falta de transparência. “Você alguma vez viu uma lista do que eles tinham de cumprir, do que fizeram e do que não fizeram? Isso é muito importante, mas não é discutido publicamente”.

Expulsão da Grécia


Bofering ainda defende que não há como a UE permitir que a Grécia ‘quebre’, caso contrário, a Grécia seria um vizinho ‘problema’ para o continente. “Não há alternativa senão manter a ordem na Grécia. E dar a ela dinheiro, mesmo se abandonar o euro e se tornar insolvente. É parte da nossa família. Não podemos construir um muro em volta deles e deixar que morram de fome”.

A culpa de Merkel


“Creio que ela tem responsabilidade pelo agravamento da crise, pelo fato de que uma crise que antes era limitada a determinados países ter se espalhado por toda a Europa”, avalia Bofering.

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Segundo ele, o povo alemão quer saber se os gregos realmente estão fazendo bom uso do dinheiro alemão para siar da crise. “O que deveria ter sido feito é explicar para o público alemão desde o início o que está em jogo e, com aquela lista na mão, dizer: ‘Viu, eles estão cumprindo o prometido’”, conclui.

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