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Polícia equatoriana detém seis suspeitos na morte de candidato à presidência

Os seis detidos pelo assassinato do candidato à presidência equatoriana Fernando Villavicencio são colombianos, informou na quinta-feira (10) a polícia do Equador. O presidente Guillermo Lasso atribuiu o atentado ao crime organizado e prometeu justiça. O Brasil condenou o ocorrido

O candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio agita uma bandeira do país durante campanha em uma escola, pouco antes de ser abatido a tiros em Quito, (9/8/23). AP
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Um suposto agressor que morreu em uma troca de tiros com seguranças do ex-jornalista tinha a mesma nacionalidade. “Todos, incluindo o morto, são colombianos”, informou a polícia à AFP.

Após o crime, o Equador decretou estado de exceção na quinta-feira e irá receber ajuda do FBI para investigar o assassinato de Fernando Villavicencio, que estava em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 20 de agosto.

“Pedi o apoio do FBI”, informou Guillermo Lasso em sua conta na rede social X, antigo Twitter. O pedido foi aceito e uma delegação chegará ao país nas próximas horas, acrescentou.

O estado de exceção permite patrulhas militares nas ruas e busca garantir a realização das eleições.

Candidato dos movimentos de centro Construye e Gente Buena, Villavicencio morreu baleado na noite de quarta-feira (9), em Quito, quando deixava um centro poliesportivo na zona norte da capital, após um comício. O jornalista já havia denunciado ameaças a si próprio e à sua equipe de campanha na semana passada. Lasso atribuiu o ataque a membros do crime organizado e advertiu que os responsáveis receberão “todo o peso da lei”.

 Adiamento do debate

O diretor da campanha de Villavicencio, Antonio López, propôs em entrevista coletiva o adiamento do debate presidencial de domingo: “O debate tem que ser adiado, para que, quando decidirmos a substituição, este tenha condições quase semelhantes de debater com os outros sete candidatos presidenciais.”

O atentado também deixou nove feridos, incluindo uma candidata a deputada e dois policiais, segundo o último balanço oficial.

O ex-jornalista era um dos oito presidenciáveis nas eleições gerais antecipadas no Equador. Por décadas, o país foi um oásis de paz na América do Sul, mas isso mudou há alguns anos, devido a ligações com cartéis mexicanos e colombianos.

A taxa anual de homicídios no Equador quase dobrou em 2022 para 25 homicídios por cem mil habitantes. As chacinas em presídios deixaram mais de 430 detentos mortos desde 2021.

Luto nacional

Para garantir a realização das eleições, o presidente declarou estado de emergência por 60 dias em todo o país. Também decretou três dias de luto nacional “para honrar a memória de um patriota”.

“Este é um crime político de caráter terrorista, e não duvidamos de que o assassinato seja uma tentativa de sabotar o processo eleitoral”, afirmou Lasso.

O jornal El Universo, o principal do país, afirmou que Villavicencio foi morto “ao estilo de um assassinato de aluguel, com três tiros na cabeça”.

O movimento Construye exigiu nesta quinta-feira a criação de uma comissão internacional para investigar o assassinato. “Não iremos permitir que a narcopolítica continue despreocupada e, mais uma vez, deboche da justiça”, indicou em um comunicado.

Ex-membro da Assembleia Nacional, dissolvida em maio por Lasso para permitir eleições antecipadas, Villavicencio aparecia em segundo lugar nas intenções de voto, com 13,2%, atrás da advogada Luisa González (26,6%), única mulher na disputa e candidata do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), segundo a pesquisa mais recente da Cedatos.

Repúdio internacional

Brasil, Estados Unidos, Venezuela, Espanha, Chile, União Europeia, ONU e a missão de observadores da OEA condenaram o crime.

O Itamaraty lamentou a morte de Villavicencio e pediu que os responsáveis pelo crime sejam punidos: “Ao manifestar a confiança de que os responsáveis por esse deplorável ato serão identificados e levados à Justiça, o governo brasileiro transmite suas sentidas condolências à família do candidato presidencial e ao governo e povo equatorianos.”

“Essas quadrilhas criminosas de pistoleiros carregam, infelizmente, esse modelo colombiano de assassinatos políticos para além das fronteiras. O quanto fizeram a Colômbia sofrer com o modelo dos paramilitares, da parapolítica!”, disse em ato oficial o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

A morte de Villavicencio foi um “ato flagrante de violência e ataque à democracia equatoriana”, disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

“É um atentado contra as instituições e a democracia do Equador. Todos os candidatos às eleições devem se beneficiar de rigorosas medidas de proteção para garantir um processo eleitoral livre e democrático”, declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

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