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Polícia da Turquia liberta reféns em fábrica da P&G

O homem justificou sua ação como uma denúncia contra as operações militares israelenses na Faixa de Gaza, segundo a polícia

Foto: Ozan Jose/AFP
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A polícia turca libertou sete pessoas mantidas reféns por nove horas em uma fábrica do grupo americano Procter & Gamble (P&G), localizada nos arredores de Istambul, por um homem que dizia agir “por Gaza”, anunciaram autoridades nesta quinta-feira 1º.

Segundo funcionários locais, a polícia agiu no momento em que o homem foi ao banheiro. “Autoridades nos disseram que o agressor foi preso, e os reféns, libertados”, informou à AFP uma fonte, após se reunir com um funcionário no local.

O governador da província, Seddar Yavuz, confirmou a prisão do agressor: “Quando ele fez uma pausa para ir ao banheiro, nossas forças de segurança realizaram uma operação, sem afetar os reféns.”

O homem justificou sua ação como uma denúncia contra as operações militares israelenses na Faixa de Gaza, informou a polícia à AFP. De acordo com veículos de comunicação locais, as forças especiais negociaram com o sequestrador.

A captura dos reféns ocorreu por volta das 15h locais (9h de Brasília), segundo a imprensa turca. “Os trabalhadores foram evacuados da fábrica da P&G em Gebze; sete funcionários permanecem como reféns. O chefe é responsável por sua segurança”, havia destacado o sindicato Umut-Sen em mensagem publicada na rede social X.

Um porta-voz da P&G, fabricante de produtos para o lar e de higiene pessoal, declarou que a empresa colaborou “com autoridades locais para resolver essa situação de segurança urgente”.

‘Por Gaza’

Um cordão policial foi montado em torno da fábrica, à qual não era possível ter acesso na noite desta quinta-feira, segundo jornalistas da AFP. Perto da empresa, que tem 500 funcionários, a polícia posicionou uma caminhonete da tropa de choque.

“Se o faz pela Palestina, que vá lutar lá. O que a minha filha de 26 anos tem a ver com isso?”, disse à AFP Çidgem Aydemir, mãe de uma das trabalhadoras reféns.

Imagens feitas por veículos turcos, cuja autenticidade a AFP não pôde verificar, mostravam um homem com o rosto parcialmente coberto por um lenço palestino, com explosivos presos com fita adesiva no corpo e segurando o que parecia ser uma pequena pistola na mão direita. Uma parede atrás dele, debaixo de duas bandeiras – uma turca e outra palestina – exibia a inscrição “Por Gaza” em vermelho.

O marido de uma das trabalhadoras reféns disse à agência de notícias privada DHA que o homem ameaçou “atirar em todas as direções” se a polícia intervier.

Críticas de Erdogan

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou em várias ocasiões o apoio dos Estados Unidos a Israel, ao qual qualificou de Estado “terrorista” e “genocida” por sua guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas, que governa o território.

O conflito foi desencadeado pelo sangrento ataque dos milicianos do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, no qual morreram 1.163 pessoas, a maioria civis, segundo novo balanço realizado pela AFP com base nos últimos dados oficiais israelenses, divulgados nesta quinta-feira. Os combatentes também sequestraram cerca de 250 pessoas.

Cerca de 100 reféns foram trocados por presos palestinos em uma trégua de uma semana no fim de novembro.

Em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas, Israel lançou uma ofensiva que deixou mais de 27.000 mortos na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista.

Chamados ao boicote de produtos americanos, como os da Coca-Cola ou da cafeteria Starbucks, também proliferaram na Turquia desde o início do conflito.

No começo de novembro, a polícia turca precisou dispersar com bombas de gás lacrimogêneo uma manifestação pró-palestina em frente a uma base militar que abrigava forças americanas, horas antes de uma visita a Ancara do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

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