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Plano de atentado é frustrado a cinco dias da eleição na França

Governo afirma que “o risco terrorista é maior do que nunca”. Desfecho da eleição continua incerto

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Por Marie Wolfrom

Dois homens “radicalizados”, suspeitos de preparar um ataque “iminente” na França, foram detidos nesta terça-feira 18 em Marselha (sudeste), a cinco dias do primeiro turno da eleição presidencial.

Armas “longas” e material para a fabricação de explosivos foram encontrados durante as buscas realizadas após a detenção dos suspeitos, de 29 e 23 anos, “de nacionalidade francesa”, informou o ministro do Interior francês, Matthias Fekl.

Os dois indivíduos planejavam um atentado “nos próximos dias em solo francês”, garantiu o ministro do Interior a repórteres.

Nas buscas em Marselha foram encontrados “elementos que permitiriam materializar este ataque”, afirmou, acrescentando que estavam sendo realizadas no local “operações de segurança e de desminagem”.

Os dois homens, vigiados pela polícia por radicalização, já haviam sido presos por outros delitos sem relação com o terrorismo, de acordo com uma fonte próxima à investigação.

“Tudo está pronto para garantir a segurança do primeiro turno da eleição presidencial”, que acontece dia 23 de abril, afirmou o ministro, ressaltando, contudo, que “o risco terrorista é maior do que nunca”.

As equipes do candidato conservador François Fillon, da líder da extrema-direita Marine Le Pen e do centrista Emmanuel Macron foram alertadas na semana passada sobre o projeto de ataque, de acordo com informações recolhidas pela AFP junto aos candidatos.

“Meu serviço de segurança recebeu as fotos dos suspeitos na quinta”, segundo a ultradireitista Marine Le Pen, enquanto que um assistente do centrista Emmanuel Macron também confirmou tê-las recebido.

O ministério do Interior “reforçou a segurança em Montpellier” onde François Fillon realizou um comício na sexta-feira e havia temores quanto ao comício em Nice realizado na segunda-feira, de acordo com fontes do partido de direita “Republicanos”.

A França foi alvo desde 2015 de uma série de ataques que mataram 238 pessoas. Desde o início de 2016, cerca de vinte tentativas de atentados foram frustradas, segundo o governo.

Mais de 50 mil policiais e gendarmes, apoiados por militares da operação Sentinela, serão mobilizados para garantir a segurança durante a votação de domingo, principalmente nos arredores dos 67 mil colégios eleitorais.

Quatro candidatos na disputa

As acusações de empregos fictícios contra François Fillon e Marine Le Pen, a irrupção do jovem “progressista” nem de direita nem de esquerda Emmanuel Macron e o carisma do ícone da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon agitaram a eleição, em que cerca de 30% dos eleitores ainda não sabem em quem votar.

A diferença diminuiu nos últimos dias entre os quatro principais candidatos.

“Quatro cabeças para um quebra-cabeça”, resumiu nesta terça-feira o jornal Libération, observando a situação “extraordinária e sem precedentes” no país, depois de uma campanha marcada por reviravoltas.

“Durante quase todas as eleições presidenciais, os finalistas para o segundo turno já estavam definidos desde fevereiro/março. Desta vez a incerteza é real”, ressalta Frédéric Dabi, do instituto de pesquisas Ifop.

Neste contexto, os candidatos estão redobrando os esforços para convencer os indecisos e aqueles tentados a não votar. “O fato importante é o comportamento dos abstencionistas, muito mais numerosos do que em eleições anteriores”, observa Frédéric Dabi. “Foram 20% em 2012, 18% em 2007, e desta vez giram em torno de 30%”.

Um dia após uma demonstração de força em Paris, onde reuniu 20 mil partidários, Emmanuel Macron passeou nesta terça-feira pelos corredores do mercado de Rungis, ao sul de Paris. 

“Convencido de estar no segundo turno”, François Fillon visita nesta terça-feira o norte da França. Após navegar pela região parisiense na segunda-feira, Jean-Luc Mélenchon deve realizar um comício por meio de holograma em seis cidades.

Marine Le Pen estará na quarta-feira no grande porto mediterrâneo de Marselha, um dos seus redutos, depois de ter defendido na segunda-feira uma “moratória” sobre a “imigração legal”.

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