Mundo
Petro sanciona lei que proíbe touradas na Colômbia
A lei entrará em vigor em 2027 e prevê um prazo de três anos para a reconversão laboral das pessoas dependentes destas atividades


O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sancionou, na última segunda-feira (22), a lei que proíbe as touradas no país, marcando o fim de uma prática que foi constitucionalmente reconhecida como tendo raízes culturais.
Diante de uma multidão reunida na tradicional praça de touros do centro de Bogotá, rebatizada de Plaza Cultural La Santamaría, Petro comemorou a sanção da lei conhecida como “Chega de Olé”, que para o presidente põe fim ao “direito de matar” animais como um espetáculo.
“Eles acreditavam que tinham o direito de matar um touro por diversão, alguns animais por diversão”, disse o presidente.
“A cultura, muito menos a justiça, não pode dizer que é cultura matar seres sencientes, seres vivos, por diversão”, acrescentou Petro em referência a uma decisão do Tribunal Constitucional de 2018 que permitiu touradas em cidades e vilas onde eram consideradas culturalmente enraizadas.
“Se nos divertimos matando o animal, então nos divertiremos matando os seres humanos”, enfatizou Petro diante dos defensores dos direitos dos animais e dos cidadãos que gritavam “Chega de Olé”, lema que acompanhou o andamento do projeto de lei aprovado no Congresso em o final de maio.
A influenciadora e ativista anti-touradas Luana Delgado destacou que a promulgação da lei aconteceu naquela praça, “um local onde antes se via sangue, se via a morte, agora se vê cultura”. “As touradas não são na Colômbia (…) não vamos mais machucar os animais”, comemorou em seu discurso no palco.
A lei tem âmbito nacional e proíbe outros espetáculos típicos como o “rejoneo” e as touradas e contempla a transformação dos palcos tauromáquicos em espaços culturais.
“Hoje encerramos uma longa história de sofrimento, uma porta de esperança se abre”, comemorou o ativista animal Jesús Merchán entre aplausos.
A lei entrará em vigor em 2027 e prevê agora um prazo de três anos para a reconversão laboral das pessoas dependentes destas atividades e a implementação de alternativas de emprego.
Segundo fontes do setor tauromáquico, no país, cerca de 35 mil pessoas dependiam diretamente da chamada festa tauromáquica, sem contar os empregos indiretos e informais.
Com a aprovação da lei, a Colômbia passa a integrar a lista de países que proíbem as touradas na região, como Brasil, Chile, Argentina, Uruguai e Guatemala.
No mundo, as feiras tauromáquicas ainda acontecem no Equador, Espanha, França, México, Peru, Portugal e Venezuela.
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